O novo aumento no preço do diesel nas refinarias, anunciado pela Petrobras, vai elevar o custo do frete e resultará em aumento de preços dos produtos no varejo. O alerta foi emitido pelo presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, conhecido como Chorão.
“Realmente precisa ser feito alguma coisa, porque o transporte está entrando em colapso, e quem sofre é a sociedade”, disse Chorão ao Estadão/Broadcast. “Essa pauta não é só dos caminhoneiros, é de todos em conjunto. A partir de agora, os preços do leite, do pão, das verduras vão sofrer reajustes, porque isso (aumento do combustível) tem que ser repassado”, acrescentou.
Chorão disse que tem conversado com representantes de diferentes setores, entre eles grandes empresas transportadoras e motoristas de aplicativos, que também estariam afetados e insatisfeitos com os aumentos subsequentes nos preços dos combustíveis. “Se continuar do jeito que está, o transporte vai parar naturalmente, por não ter condições de rodar”, argumentou.
Ele defende uma intervenção do governo federal na companhia via Conselho de Administração para suspender os efeitos da Política de Paridade de Preço Internacional (PPI), que reajusta os combustíveis com base em cotações internacionais e condições de mercado.
Chorão disse que pretende conversar com representantes do setor industrial e do agronegócio para costurar apoios ao pleito de abolir o PPI. “Precisamos conversar com todos, para dar uma resposta da sociedade”, afirmou o representante dos caminhoneiros.
A Abrava informou que está entrando com um recurso contra a decisão judicial que negou a suspensão da política de preços da Petrobras para os combustíveis. Na decisão que declinou o pedido, a magistrada Maria Cristina de Brito Lima, da 6ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, afirmou que a demanda “fere” o princípio da livre iniciativa, intervenção que é vedada ao Judiciário.
A Petrobras informou que elevará o preço do óleo diesel nas refinarias a partir desta terça-feira, 10, em cerca de 8,87%. O preço médio de venda de diesel para as distribuidoras passará de R$ 4,51 para R$ 4,91 por litro, R$ 0,40 a mais. Os preços de gasolina e do GLP (gás liquefeito de petróleo) permanecerão, por ora, inalterados.
A companhia justificou o aumento ressaltando que o megarreajuste feito em 11 de março “refletia apenas parte da elevação observada nos preços de mercado” e que, no momento, há uma redução mundial na oferta de diesel, o que pressiona os preços globalmente.
A Petrobras informou ainda que suas refinarias operavam com utilização de 93% da capacidade instalada no início de maio, ou seja, perto do nível máximo, mas ainda aquém da demanda doméstica, fazendo com que cerca de 30% do consumo brasileiro de diesel fossem atendidos por outros refinadores ou importadores.
A empresa diz que a alta anunciada agora no diesel segue outros fornecedores de combustíveis no Brasil, que já promoveram ajustes nos seus preços de venda, acompanhando os preços de mercado. No comunicado afirma ainda que a política de reajustes “está em conformidade com os parâmetros legais e o ambiente de livre competição que vigora no Brasil há mais de vinte anos”.
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