Estudo aponta que atividade solar intensa pode ter sido crucial para o surgimento da vida na Terra

Estudo aponta que atividade solar intensa pode ter sido crucial para o surgimento da vida na Terra
Imagem: NASA, ESA, SOHO-EIT Consortium

Novas descobertas sugerem que a intensa atividade solar durante o período Hadeano, há cerca de 4 bilhões de anos, pode ter sido um fator decisivo para o surgimento da vida na Terra.

Raios cósmicos e a energia do jovem Sol: a chave para a origem da vida?

Pesquisadores japoneses e americanos realizaram uma série de experimentos em laboratório com o objetivo de investigar a formação de aminoácidos e ácidos carboxílicos, moléculas fundamentais para a vida.

Surpreendentemente, os resultados do estudo apontam que os raios cósmicos galácticos (GCRs) e as partículas energéticas solares (SEPs) associadas a superflares do jovem Sol podem ter sido as principais fontes de energia para a síntese prebiótica desses compostos em atmosferas pouco redutoras.

Metodologia, resultados e implicações

Para realizar os experimentos, os cientistas criaram várias misturas gasosas representando a atmosfera da Terra no início do período Hadeano. As misturas eram compostas por nitrogênio molecular, dióxido de carbono, vapor de água e metano em diferentes proporções. Em seguida, essas misturas foram submetidas a irradiação de prótons, simulação de raios cósmicos e partículas solares, e descargas elétricas, que representam eventos de relâmpagos, em uma câmara de laboratório.

Os resultados mostraram que, para a formação de aminoácidos com descargas elétricas, era necessária uma proporção de pelo menos 15% de metano na mistura gasosa. No entanto, a irradiação de prótons foi capaz de produzir aminoácidos e ácidos carboxílicos com apenas 0,5% de metano presente. Isso sugere que os raios cósmicos galácticos e as partículas energéticas solares teriam sido mais eficientes na síntese prebiótica desses compostos do que os eventos de relâmpagos na atmosfera da Terra primitiva.

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Além disso, os resultados do estudo também podem ter implicações para a busca de vida em outros planetas e luas do nosso sistema solar e além. A compreensão das condições ambientais e das fontes de energia que favoreceram a síntese prebiótica na Terra pode ajudar os astrônomos a identificar locais onde a química prebiótica também pode ter ocorrido, como em Marte ou em exoplanetas orbitando estrelas jovens e ativas.

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Conclusão e próximos passos

Os pesquisadores envolvidos no estudo ressaltam, no entanto, que ainda há muito a ser aprendido sobre as origens da vida na Terra e que novas abordagens experimentais e teóricas serão necessárias para desvendar completamente esse mistério. Ainda assim, os resultados obtidos nesses experimentos fornecem pistas valiosas sobre os processos químicos e as fontes de energia que podem ter desencadeado o início da vida em nosso planeta.

O estudo foi publicado na revista Life.

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