Notícias

Startup da UFRN cria espuma que retarda chamas

Fruto do período Paleolítico da Pré-História, a produção do fogo é considerada uma das grandes descobertas da humanidade, possibilitando o aquecimento, a proteção contra predadores e o cozimento de alimentos. Contudo, mesmo com o passar de milhares de anos, o domínio completo das brasas e labaredas ainda é alvo de estudos científicos.

Avançando nesse caminho da história, pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) deram mais um passo na manipulação desse processo químico: a criação da Espuma Sólida Retardante de Chamas, produto da startup BRFoam responsável pela conquista da primeira colocação no Demoday, evento nacional de inovação onde são apresentados produtos e serviços ao público de potencial gerador de negócios.

O trabalho começou no Laboratório de Peneiras Moleculares (Labpemol) do Instituto de Química da UFRN, a partir de uma pesquisa orientada pela professora Sibele Berenice Castella Tergher, em parceria com Ana Alcântara da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). A espuma que retarda chamas é um material de baixa densidade que atrasa ou elimina o fogo, é composto por um polímero à base de argila mineral e foi criado com o intuito de reduzir o impacto ambiental. Com o material formulado, o grupo inscreveu o projeto no Laboratório de Negócios Midas, programa de pré-aceleração do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Midas (INCT Midas) e parceira com a Biominas Brasil, que tem o objetivo de fazer ponte entre a ciência e o mercado.

Foto: Cícero Oliveira

“As espumas que estão no mercado, atualmente, costumam liberar toxinas e poluir o meio ambiente, já o nosso produto é biodegradável e biocompatível”, explica Artur de Santana Oliveira, que ao lado José Claudiano Dantas Neto e Eduardo Rigoti integram a BRFoam com a professora Sibele Pergher. Já José Claudiano Dantas Neto acredita que “transformar o que a gente faz nos laboratórios, com tanta dedicação, horas de trabalho e levar ao mercado para que a população possa se beneficiar é o maior retorno que pudemos ter”.

Antes do evento final, a Demoday, os pesquisadores passaram por capacitações presenciais sobre modelagem de negócios, para adequar a descoberta científica às demandas do mercado, identificando problemas, soluções, propostas de valor e segmentos de cliente, além de treinamento de comunicação para aprimorar as formas de “vender” o projeto a potenciais investidores. Um dos maiores aprendizados dessas capacitações, na visão dos cientistas, foi tornar a linguagem acadêmica acessível ao mercado.

Foto: Cícero Oliveira

Para Sibele, a primeira colocação na competição, em um universo de 42 equipes de todo o Brasil, mostra o potencial do RN para criar produtos inovadores e transferir tecnologias, abrindo portas para começarmos cada vez mais levar as pesquisas para a sociedade. “Sair do papel, dos artigos publicados”, planeja. A vitória significa para os cientistas a valorização do trabalho produzido na Universidade. “É muito gratificante mostrar para a população que o que é produzido na UFRN é algo sério, com horas de dedicação e trabalho, para conseguir formular um produto que terá impacto na vida das pessoas”, considera Eduardo Rigoti.

O grupo também falou sobre as dificuldades de conseguir apoio do governo e da indústria no financiamento das pesquisas. Eles esperam que essa conquista traga esperança para outros pesquisadores de universidades. “As pessoas ainda acham que o que é produzido aqui nunca vai sair dos muros da universidade, mas temos potencial para melhorar a vida da população assim como tantas pesquisas que estão sendo feitas aqui”, opina Artur Oliveira.

Serviço

O produto já foi patenteado no Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT-UFRN) e agora está recebendo propostas de investidores. O material pode ser utilizado como espuma de isolamento acústico em boates ou estádios de futebol, por exemplo. Sobre os diferenciais, o artigo produzido na instituição de ensino é 20% mais barato que os convencionais. “A espuma comum custa cerca de R$ 70 e a nossa é R$ 50, já com custos de produção e de mão de obra”. Segundo o pró-reitor de Pesquisa da UFRN, Jorge Falcão, após a assinatura do decreto-lei que regulamentou o acervo de leis que compõem o Marco de Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil, ficou claro que o papel dos NITs passa de escritório de apoio à propriedade intelectual para uma plataforma de transferência de tecnologia. Para ele, o resultado “motiva ainda mais para rever, ampliar e dar destaque ao NIT, no curto, médio e longo prazo”.

Quer receber as principais notícias do Portal N10 no seu WhatsApp? Clique aqui e entre no nosso grupo oficial. Para receber no Telegram, clique aqui

Rafael Nicácio

Estudante de Jornalismo, conta com a experiência de ter atuado nas assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte e da Universidade Federal (UFRN). Trabalha com administração e redação em sites desde 2013 e, atualmente, também administra a página Dinastia Nerd. E-mail para contato: rafael@oportaln10.com.br

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Botão Voltar ao topo
Estratégias para amaciar a carne! Dicas para clarear seus dentes de forma simples! Os perigos de consumir fast food! Evite o estresse crônico: aprenda a desacelerar! A IA Mia: uma revolução na detecção de tumores. Pílula do exercício: a nova revolução da ciência. Como encontrar o exercício que combina com seu estilo de vida. Você conhece os sintomas da doença celíaca? Conheça estratégias para manter as crianças longe da obesidade! As principais razões por trás da perda capilar reveladas!

Adblock detectado

Olá pessoal! O acesso ao nosso site é gratuito, porém precisamos da publicidade aqui presente para mantermos o projeto online. Por gentileza, considere desativar o adblock ou adicionar nosso site em sua white-list e recarregue a página.