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Risco de pandemias aumentará com elevação das temperaturas, aponta estudo

Vírus terão mais chances de pular de animais para humanos, de acordo com nova pesquisa

À medida que as mudanças climáticas alteram permanentemente nosso meio ambiente, o mundo está cada vez mais exposto a novos vírus, com consequências potencialmente mortais para os seres humanos. Um estudo publicado na quinta-feira (28/04), na revista Nature, descobriu que, à medida que as mudanças climáticas estão forçando os animais a mudar de habitat, eles entrarão cada vez mais em contato com os humanos, criando mais oportunidades para que vírus mortais sofram mutações e se espalhem.

As espécies terão que se mudar se quiserem mudar o clima”, explicou Colin Carlson, principal autor do estudo e professor assistente de pesquisa do Centro Médico da Universidade de Georgetown. “Quando o fizerem, eles se encontrarão pela primeira vez e compartilharão vírus. Nossas simulações sugerem que, no próximo meio século, esse processo reestruturará completamente a rede global de vírus de mamíferos. E isso é uma má notícia para a saúde humana.”

Embora haja muita pesquisa sobre como as mudanças climáticas podem moldar novas epidemias, grande parte desse trabalho se concentra em doenças transmitidas por vetores, ou seja, doenças como malária, dengue, zika ou febre amarela que são transferidas para humanos por insetos que se alimentam do sangue, como carrapatos e mosquitos. Quase nenhum trabalho acadêmico analisou como o clima pode afetar a maneira como os vírus pulam de animais selvagens para humanos, algo conhecido como contágio zoonótico. Entre 60% e 75% das doenças infecciosas foram inicialmente transferidas de animais selvagens para humanos e atualmente, existem milhares de espécies de vírus com a capacidade de adoecer humanos ao infectar silenciosamente vários animais, como explica este novo artigo.

O estudo usa grandes quantidades de dados sobre vírus e seus hospedeiros mamíferos, bem como mudanças climáticas e habitats de animais, para criar um mapa maciço de como os habitats de mais de 3.100 espécies de mamíferos podem mudar nas próximas décadas. À medida que os habitats mudam, aumentam as chances de que diferentes espécies cruzem mais entre si e conosco, e vírus e outros patógenos estejam presentes lá.

No surto de SARS de 2003, por exemplo, pesquisas sugerem que os gatos civet (mamífero carnívoro), que são consumidos em certas partes da China, podem ter atuado como hospedeiro intermediário do vírus, ajudando-o a saltar de morcegos para humanos. E sob um clima em mudança, os morcegos, especialmente, podem entrar em contato com diferentes espécies de animais com mais frequência, criando novas oportunidades para a propagação de vírus.

Como eles podem voar, os morcegos podem viajar mais longe e mais rápido, conduzindo a maior parte desse processo”, disse Carlson.

Como resultado desses habitats em expansão, novos “hotspots” geográficos surgirão: lugares onde podem surgir epidemias e possíveis pandemias. Por exemplo, os surtos de Ebola têm sido tradicionalmente agrupados em países da África Ocidental, mas o estudo conclui que, em 2070, os surtos de Ebola podem ser muito mais comuns na África Oriental. “As mudanças climáticas criarão inúmeros pontos de sobreposição entre o risco elevado de contágio e as populações humanas”, disse Carlson.

E enfrentamos uma batalha árdua. O mundo já aqueceu 1,2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais; o processo de mudança de habitat dos animais e contato com outras espécies, explicou Carlson, “já começou”. Além disso, mitigar ou retardar o aquecimento pode realmente agravar o problema.

Em cenários de aquecimento extremo, as espécies perdem seu habitat tão rapidamente que são extintas antes de terem a chance de compartilhar seus vírus em novos ecossistemas”, disse Carlson. “A mitigação diminui a velocidade com que seus habitats se movem e dá a eles uma tarefa mais gerenciável, por isso é mais fácil para eles chegarem aonde estão indo e compartilhar vírus quando chegarem lá”.

É difícil traçar uma linha reta entre qualquer pandemia e as mudanças climáticas, pois existem inúmeros fatores em jogo com cada surto. Mas esta pesquisa mostra que ficar seguro significa manter uma vigilância muito mais próxima das doenças que são transmitidas na vida selvagem.

Estamos comprometidos com um mundo em que as mudanças climáticas possam se tornar o principal fator de risco de pandemia (se já não for), mesmo sob os melhores cenários de mudanças climáticas”, disse Carlson. “É urgente pensarmos na vigilância de doenças da vida selvagem e na detecção de surtos como estratégias de adaptação às mudanças climáticas”.

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Rafael Nicácio

Estudante de Jornalismo, conta com a experiência de ter atuado nas assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte e da Universidade Federal (UFRN). Trabalha com administração e redação em sites desde 2013 e, atualmente, também administra a página Dinastia Nerd. E-mail para contato: rafael@oportaln10.com.br

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