O Brasil busca equilibrar suas relações comerciais em um cenário global marcado por tensões e oportunidades. Recentes investimentos chineses, totalizando R$ 27 bilhões, injetam ânimo em diversos setores da economia brasileira, ao mesmo tempo que especialistas alertam para a importância de diversificar parcerias e evitar dependências excessivas. Em um contexto similar, vale a pena acompanhar como a Reforma tributária promete novo cenário econômico no Brasil, aponta Haddad.
O montante, anunciado durante o Seminário Empresarial China-Brasil em Pequim, sob a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e mais de 700 empresários, será destinado a áreas estratégicas como:
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- Indústria Automotiva: R$ 6 bilhões da GWM para expansão e exportação na América do Sul e México.
- Setor de Delivery: R$ 5 bilhões da Meituan, com promessa de gerar 100 mil empregos indiretos.
- Energia Renovável: R$ 3 bilhões da CGN em um hub no Piauí e R$ 5 bilhões da Envision para o primeiro Parque Industrial Net-Zero da América Latina.
- Alimentos e Bebidas: R$ 3,2 bilhões da Mixue, visando a criação de 25 mil empregos até 2030 com a abertura de lojas de sucos e bebidas.
- Mineração: R$ 2,4 bilhões da Baiyin na aquisição da mina de cobre Serrote em Alagoas.
- Veículos Elétricos: R$ 1 bilhão da DiDi em infraestrutura de recarga.
- Semicondutores: R$ 650 milhões da Longsys.
- Setor Farmacêutico: R$ 350 milhões em parceria da Nortec Química com empresas chinesas.
Cristina Helena Mello, professora de economia da PUC-SP, observa que o acordo com a China surge em um momento de instabilidade nos mercados globais, intensificada por políticas protecionistas de outros países. "É um movimento concreto no momento em que se criam situações de instabilidade nos mercados globais para várias economias", afirma. Em outro ponto da economia, o Desemprego no Brasil atinge 7% no primeiro trimestre de 2025, menor taxa desde 2012, aponta IBGE, demonstrando melhoras no cenário nacional.
Apesar dos benefícios evidentes, economistas e especialistas em relações internacionais enfatizam a necessidade de cautela e diversificação. Roberto Uebel, professor de Relações Internacionais da ESPM, destaca a importância de o Brasil não comprometer suas relações com outros parceiros importantes, como os Estados Unidos, em meio a tensões comerciais globais. "O Brasil precisa ter muito cuidado ao se aproximar da China nesse contexto de guerra tarifária, de não prejudicar as relações com os Estados Unidos. Precisa continuar diversificando parcerias para reduzir a dependência não só com os Estados Unidos, mas também com a China. Parcerias com o sudeste asiático, Índia, Japão", defende Uebel. Diante desse cenário, é crucial observar o comportamento do Dólar registra sétima queda consecutiva e fecha a R$ 5,64; Ibovespa atinge maior nível desde setembro.
Luís Renato Vedovato, da Unicamp, compartilha dessa visão, ressaltando que a diversificação comercial aumenta a resiliência do país diante de instabilidades. "É muito importante que o Brasil vá por um caminho seguro, se afastando das instabilidades que se colocam no horizonte. Por isso, a aproximação do Brasil com a China é sempre bem relevante. Como é importante o acordo do Brasil com o Mercosul e a União Europeia. Quanto mais irrigado estiver o país comercialmente, mais resiliência ele terá para enfrentar o futuro", avalia Vedovato.
Atualmente, a China é o principal parceiro comercial do Brasil, respondendo por 4,5% das importações chinesas e 25% das importações brasileiras. Em 2024, o comércio bilateral alcançou quase US$ 160 bilhões, com um superávit de US$ 30,7 bilhões para o Brasil. O país asiático é um grande consumidor de produtos primários brasileiros, como soja, carnes, celulose, algodão e açúcar. Em paralelo, a Safra de café no Brasil deve alcançar 55,7 milhões de sacas em 2025, aponta Conab, mostrando a relevância do agronegócio para o país.
A economista Cristina Helena Mello ressalta a importância de agregar valor às exportações brasileiras. "Seria importante que a gente melhorasse o perfil daquilo que a gente exporta para a China. Exportamos produtos primários, da agricultura e da extrativa mineral. Há pouco espaço para a entrada de produtos manufaturados brasileiros. Acho que isso é um ponto de atenção", alerta Mello. Esse ponto se torna ainda mais relevante ao considerarmos que a Indústria brasileira registra expansão de 1,2% em março, interrompendo sequência de estagnação, aponta IBGE.
Além disso, a melhoria da infraestrutura logística brasileira é vista como crucial para garantir a competitividade do país no mercado internacional. "Também precisamos muito desenvolver a capacidade de logística brasileira de escoamento de produtos para exportação. Isso nos garantiria posição de liderança em alguns mercados que hoje estão concentrados nas mãos dos Estados Unidos e outros mercados que nós competimos, mercados de grãos e de proteína animal", complementa a economista. Paralelamente, vale observar que a Inflação do café atinge pico de 30 anos com alta de 80% em 12 meses, impactando diretamente o mercado.