Política

Senado aprova Marco Regulatório para Energia Offshore, mas inclui polêmicos incentivos ao carvão

O Senado aprovou na última quinta-feira (12) o projeto de lei (PL 576/2021) que cria o Marco Regulatório para Exploração de Energia Elétrica Offshore no Brasil. Embora a proposta inicial focasse na regulamentação da energia eólica em alto-mar, o texto final incorporou artigos que concedem incentivos à produção de energia termoelétrica a partir de gás natural e, principalmente, carvão mineral – o combustível fóssil mais poluente.

Críticas e polêmica: A inclusão desses incentivos gerou forte controvérsia. O Partido dos Trabalhadores (PT) tentou, sem sucesso, remover os artigos, perdendo a votação por 40 votos a 28. O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), anunciou o veto presidencial aos trechos relacionados às termelétricas, alertando sobre os altos custos. Segundo ele, “[O projeto] representará o aumento de uma renúncia fiscal de R$ 405 bilhões para R$ 1 trilhão. E será R$ 1 trilhão de renúncia para uma indústria que, em 2050, pode ser que ela não exista mais porque nós estamos fazendo a transição energética”. A PSR, consultoria de energia, forneceu as projeções para esses dados, segundo a assessoria do senador.

Rodrigues classificou os incentivos ao carvão como um 'jabuti' – termo usado para designar dispositivos inseridos em projetos sem relação com o tema principal – e como uma contradição aos objetivos da transição energética. Ele questionou: “Em um projeto que trata de energia eólica foram incluídos jabutis para tratar da energia movida a carvão para a indústria termoelétrica. O que a termoelétrica tem a ver com a transição energética e o que tem a ver com a energia eólica? Nós temos a contratação de carvão mineral para geração de energia. Totalmente antagônico e contraditório em relação a essa matéria”.

Defesa dos incentivos: Apesar das críticas, senadores defenderam a manutenção dos artigos. Argumentaram que o Brasil possui uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo e que os incentivos ao carvão ainda são relevantes. O senador Esperidião Amim (PP-SC) chegou a criticar pressões externas: “Querer interromper [a produção e energia por carvão] para agradar alguém lá fora para nos submeter a um modismo importado de lugares que não cuidaram como nós cuidamos para ter essa matriz energética que foi aqui corretamente lembrada, isso é demais”. O senador Otto Alencar (PSD-BA) sugeriu que o tema deveria ser abordado em um projeto separado.

Preocupações com o custo: A União Pela Energia, organização que reúne ONGs do setor, estima que os incentivos às termelétricas podem custar R$ 658 bilhões aos consumidores até 2050, o que representaria um aumento de 11% na conta de luz. Em um informe, as entidades destacam que “Impactando o poder de compra da população e a competitividade industrial do país. A contratação compulsória de nova capacidade de geração imposta pelos dispositivos do projeto de lei é desnecessária e não possui respaldo técnico”.

Detalhes do Marco Regulatório: O projeto regulamenta a geração de energia eólica offshore, proibindo a exploração em rotas de navegação, áreas militares e locais considerados patrimônios culturais e naturais. A concessão das áreas será dividida em duas fases: avaliação da viabilidade econômica e ambiental e execução da implantação e operação. O edital incluirá cláusulas sobre relatórios à ANEEL, promoção da indústria nacional e sanções por descumprimento. O texto também prevê medidas para incentivar a energia solar.

Recursos para saúde e combate a queimadas: Em outra matéria, a Câmara dos Deputados aprovou duas Medidas Provisórias (MPs) destinando recursos extraordinários. A MP 1253/24, no valor de R$ 308,2 milhões, destinará verbas ao Ministério da Saúde para ações no Rio Grande do Sul, afetado por enchentes no primeiro semestre de 2024. Os recursos serão usados em infraestrutura e serviços de saúde, incluindo reforma de unidades de saúde e compra de equipamentos. A MP 1258/24, com um total de R$ 514,5 milhões, destinará recursos a sete ministérios para ações de combate às queimadas e seca na Amazônia, abrangendo atividades como prevenção e controle de incêndios florestais, proteção de unidades de conservação, apoio à agricultura familiar e ações de defesa civil.

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Rafael Nicácio

Co-fundador e redator do Portal N10, sou responsável pela administração e produção de conteúdo do site, consolidando mais de uma década de experiência em comunicação digital. Minha trajetória inclui passagens por assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte (ASCOM) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde atuei como estagiário.Desde 2013, trabalho diretamente com gestão de sites, colaborando na construção de portais de notícias e entretenimento. Atualmente, além de minhas atividades no Portal N10, também gerencio a página Dinastia Nerd, voltada para o público geek e de cultura pop.MTB Jornalista 0002472/RNE-mail para contato: rafael@oportaln10.com.br

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