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O coronavírus pode infectar e possivelmente se esconder nas células de gordura

Estudos preliminares podem explicar parcialmente por que as pessoas que vivem com obesidade correm maior risco de COVID-19 grave

Cientistas da Universidade de Stanford e de outros lugares afirmam ter encontrado evidências de que o vírus que causa o COVID-19 pode infectar células de gordura, bem como células do sistema imunológico que residem no tecido adiposo. Os resultados, que ainda não foram formalmente revisados ​​e publicados, podem fornecer uma pista do por que as pessoas que vivem com obesidade correm maior risco de COVID-19 grave e outras complicações.

A idade é o maior fator de risco para o desenvolvimento de uma infecção grave pelo coronavírus conhecido como SARS-CoV-2. Porém, até mesmo as pessoas mais jovens com outras condições de saúde também correm maior risco, incluindo pessoas mais jovens com obesidade (definida como tendo um índice de massa corporal superior a 30). Além de ter um risco aumentado de doenças graves e morte, as pessoas com obesidade possivelmente tenham um risco aumentado de sintomas crônicos relatados após a infecção por covid. De acordo com dados de modelagem citados pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças, a obesidade pode ter contribuído com 30% das hospitalizações por COVID-19 nos EUA no ano passado.

Pessoas com obesidade têm maior probabilidade de ter diabetes tipo 2, por exemplo, que é um fator de risco para COVID-19 grave… porém, até mesmo pessoas sem diabetes parecem ter esse risco. Por isso, ainda não ficou claro o motivo desse risco adicional existir.

A obesidade também está associada com baixo grau de inflamação crônica, que está associado à alterações metabólicas e que pode afetar o sistema imunológico na resposta a casos como o coronavírus. No entanto, pode haver outros fatores [inclusive sociais] possivelmente envolvidos, como a discriminação e o estigma que as pessoas com obesidade costumam vivenciar. Esse preconceito, especialmente da profissão médica, pode fazer com que as pessoas relutem em consultar médicos ou hospitais quando estiverem inicialmente doentes, ou pode afetar a qualidade do atendimento que recebem quando chegam lá.

No lado biológico das coisas, houve pesquisas sugerindo que o coronavírus pode infectar células de gordura, pesquisa que despertou a curiosidade dos autores deste estudo em procurar mais.

A equipe coletou amostras de tecido adiposo de pessoas que se submeteram à cirurgia bariátrica e então viu o que aconteceria quando esse tecido fosse exposto ao coronavírus. Eles descobriram que células de gordura maduras, também conhecidas como adipócitos, e macrófagos (células imunes que detectam germes, sinalizam a presença de infecção e às vezes até engolem patógenos inteiros) podem ser infectadas com sucesso com SARS-CoV-2. Essa infecção então pareceu desencadear uma forte resposta inflamatória, envolvendo a produção de substâncias químicas chamadas citocinas que foram associadas a COVID-19 grave. As células de gordura precursoras, ou pré-adipócitos, não foram infectadas pelo vírus, mas também estavam envolvidas no aumento da inflamação.

Os resultados do estudo foram publicados em outubro no site de pré-impressão bioRxiv, o que significa que eles não passaram pelo processo típico de revisão por pares, o que é importante para examinar qualquer pesquisa. Portanto, suas conclusões devem ser vistas com especial cautela. Mas, se validado com mais estudos, pode ajudar, pelo menos em parte, a explicar a ligação entre obesidade e COVID-19 grave.

“Isso pode muito bem estar contribuindo para uma doença grave“, disse a autora principal Catherine Blish, imunologista da Escola de Medicina da Universidade de Stanford, ao New York Times. “Estamos vendo as mesmas citocinas inflamatórias que vejo no sangue de pacientes realmente doentes que são produzidas em resposta à infecção desses tecidos.”

As descobertas podem até ter implicações além do surto inicial da doença causada por Covid-19. “Se as células de gordura são um reservatório de infecção viral, a obesidade pode contribuir não apenas para a doença aguda grave, mas também para a síndrome de covid prolongada“, observaram os autores em seu artigo.

No entanto, por enquanto, mais pesquisas precisam ser feitas para determinar o papel, se houver, que as células de gordura infectadas com coronavírus podem desempenhar na causa da doença.

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Rafael Nicácio

Estudante de Jornalismo, conta com a experiência de ter atuado nas assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte e da Universidade Federal (UFRN). Trabalha com administração e redação em sites desde 2013 e, atualmente, também administra a página Dinastia Nerd. E-mail para contato: rafael@oportaln10.com.br

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