Doença da urina preta: aumento no número de casos gera alerta no Amazonas

Por conta do aumento no número de casos da doença de Haff, conhecida como “doença da urina preta”, a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVSAM) tomou medidas para lidar com essa situação. Até o momento, foram notificados 86 casos suspeitos da doença no estado, sendo que 20 foram registrados somente no mês de setembro.

Essa doença se caracteriza pelo escurecimento da urina, causado pela rabdomiólise, que resulta de lesões musculares liberando substâncias tóxicas na corrente sanguínea. Na última segunda-feira (25) o governo do estado anunciou que, dos 86 casos notificados, 49 foram confirmados, 24 foram descartados e 13 estão sob investigação.

Os casos confirmados estão distribuídos principalmente em Itacoatiara (36), Manaus (7), Manacapuru (3), Parintins (2) e Nova Olinda do Norte (1). Até o momento, não houve registros de óbitos relacionados a essa doença. A FVS-AM informou que equipes compostas por membros de diversos órgãos formaram uma força-tarefa para identificar casos suspeitos em diversos municípios.

Além disso, ressaltou que toda a rede de saúde, tanto pública quanto privada, em Manaus e no interior, está preparada para atender casos suspeitos de rabdomiólise. Popularmente conhecida como “doença da urina preta”, essa condição pode ser desencadeada por toxinas encontradas em peixes e crustáceos. Um estudo realizado pela Fiocruz Bahia e publicado na revista científica Lancet Regional Health – Américas concluiu que essas toxinas são produzidas por microalgas que são ingeridas pelos peixes e crustáceos, acumulando-se em seus corpos. Esse estudo também observou que as toxinas resistem ao calor do cozimento.

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Além do consumo de frutos do mar contaminados com essas toxinas, a rabdomiólise pode ser causada por traumatismos, exercícios físicos excessivos, infecções, consumo de álcool e outras substâncias. Segundo a FVS, os sintomas mais comuns entre os casos compatíveis com a doença da urina preta incluem:

  • Mialgia (dores musculares)
  • Mal-estar
  • Náuseas
  • Fraqueza muscular
  • Dor abdominal
  • Vômito
  • Urina escura

Nos últimos anos, surtos da doença da urina preta foram registrados no Amazonas, Bahia e Pará.

Entenda a ‘Doença da urina preta’

A Síndrome de Haff, conhecida popularmente como “doença da urina preta”, de acordo com infectologistas é causada pela ingestão de pescado contaminado por uma toxina capaz de causar necrose muscular, ou seja, a degradação dos músculos. Outros sintomas da doença são decorrentes desse quadro.

Segundo o infectologista Tiago Lôbo, a doença está associada ao consumo de peixes como arabaiana, conhecido como olho de boi, e badejo. No entanto, a forma como o animal é contaminado pela toxina que provoca a doença não é consenso entre especialistas. “A doença ocorre quando a gente consome peixe com uma toxina que provavelmente é associada ao consumo de algas marinhas”, afirmou Lôbo.

Um dos sintomas Síndrome de Haff, a urina escurecida é uma consequência da liberação de uma substância chamada miogobina no corpo. Essa proteína, tóxica para os rins, é liberada pelo próprio organismo, com a necrose muscular, outro sintoma provocado pela Síndrome.

Além da hidratação, o tratamento também é feito com analgésicos, de acordo com os sintomas apresentados. “O tempo de cura é extremamente variável. Vai depender da intensidade da doença para poder traçar um relatório. Crianças, adultos e idosos podem ser acometidos da mesma forma”, afirmou Lôbo.

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