Médicos anunciaram um marco significativo na luta contra o HIV: o sexto paciente conhecido como “Paciente de Genebra” entrou em remissão de longo prazo, o que significa que ele está efetivamente “curado” deste terrível vírus. A notícia foi divulgada pelos Hôpitaux Universitaires de Genève (HUG) e pelo Institut Pasteur, à frente da Conferência Internacional sobre AIDS em Brisbane, Austrália.
Remissão do HIV
Nos cinco casos anteriores de pessoas efetivamente “curadas” da infecção pelo HIV após um transplante de medula óssea, o transplante continha células-tronco de um doador com uma mutação do gene CCR5, que é conhecido por bloquear a entrada do HIV nas células do corpo. O sexto paciente, no entanto, difere desses casos. O seu transplante de medula óssea veio de um doador que não carrega a mutação CCR5.
“A duração da indetectabilidade após a interrupção do tratamento – 20 meses – não tem precedentes em pessoas que receberam um transplante de medula na ausência da mutação CCR5“, disseram a Dra. Alexandra Calmy, diretora da Unidade de HIV/AIDS dos Hospitais Universitários de Genebra, e o Dr. Asier Sáez-Cirión, chefe da Unidade de Reservatórios Virais e Controle Imune do Institut Pasteur.
Tratamento do paciente de Genebra
O paciente de Genebra vive com o HIV desde o início dos anos 1990 e recebeu terapia antirretroviral desde o início. Em 2018, ele foi submetido a um transplante de células-tronco para tratar uma forma especialmente agressiva de leucemia. Após o transplante, testes mostraram que as células sanguíneas do paciente haviam sido completamente substituídas pelas células do doador e o número de células infectadas pelo HIV havia diminuído significativamente.
Os médicos gradualmente retiraram o paciente dos medicamentos antirretrovirais e interromperam permanentemente o tratamento em novembro de 2021. Mais de 20 meses depois de parar a terapia, não foram encontrados sinais do vírus ou respostas imunológicas contra o vírus no corpo do indivíduo. Ele foi efetivamente curado da doença.
“O que aconteceu comigo é maravilhoso e mágico – agora podemos focar no futuro,” disse o paciente de Genebra.
A remissão do HIV: Um caminho para o futuro?
Os pesquisadores enfatizaram que este caso notável não significa necessariamente que uma cura generalizada para o HIV esteja ao alcance. Por enquanto, casos de remissão de longo prazo do HIV são excepcionais. No entanto, a situação única do paciente de Genebra ofereceu alguns insights valiosos sobre novas possíveis maneiras de tratar o HIV.
“Embora este protocolo não seja aplicável em larga escala devido à sua agressividade, este novo caso fornece insights inesperados sobre mecanismos de eliminação e controle de reservatórios virais, que desempenharão um papel-chave no desenvolvimento de tratamentos curativos para o HIV“, continuou Sáez-Cirión.
“Por meio desta situação única, estamos explorando novas avenidas com a esperança de que a remissão ou mesmo a cura do HIV não seja mais um evento único no futuro“, acrescentou Calmy.
O futuro da luta contra o HIV
Atualmente, este protocolo de tratamento não é transponível em larga escala devido à sua agressividade. Ele é considerado muito arriscado para tratar pessoas soropositivas que não precisam de transplante. No entanto, esta descoberta abre novas perspectivas para entender melhor – e talvez um dia controlar – a forma como o vírus se replica no corpo humano.
Por enquanto, essa descoberta se aplica apenas a um único paciente. Portanto, mais pesquisas serão necessárias para determinar se resultados semelhantes são observados em outras pessoas submetidas ao mesmo tratamento.
Este novo caso de remissão a longo prazo do HIV será apresentado no dia 24 de julho, em Brisbane, Austrália, durante a 26ª Conferência Internacional sobre AIDS, IAS 2023, pela Dra. Alexandra Calmy e pelo Dr. Asier Sáez-Cirión.
Embora ainda haja um longo caminho a percorrer na luta contra o HIV, o caso do paciente de Genebra serve como um farol de esperança, iluminando novos caminhos e possibilidades na busca por uma cura.
