O mês de outubro trouxe um impacto significativo para o bolso do consumidor brasileiro, especialmente no Nordeste, com a alta nos preços de diversos itens básicos. Um levantamento da Neogrid, especializada em inteligência de dados para a gestão da cadeia de consumo, revelou que o preço da carne bovina subiu 5,7% na região.
O valor médio do quilo passou de R$ 33,38 em setembro para R$ 35,24. Esse aumento ocorre em um momento marcado por mudanças na dinâmica da produção pecuária e influências climáticas adversas.
Nos últimos três meses, a carne bovina apresentou uma alta constante. Em agosto, o preço médio do quilo era de R$ 31,51, refletindo um período de maior oferta de bovinos para abate, segundo a Pesquisa Trimestral da Pecuária do IBGE. No terceiro trimestre de 2024, foram abatidas 10,33 milhões de cabeças de gado, o que inicialmente favorecia os preços mais baixos. Porém, o cenário mudou: o envio de fêmeas para abate reduziu o nascimento de bezerros, restringindo a oferta de carne no mercado.
“Esse aumento também pode ser explicado pela seca histórica severa que atingiu o Brasil, combinada com as queimadas. Os produtores viram uma redução na produção de pasto, o principal alimento do gado, o que levou muitos pecuaristas a recorrerem ao confinamento, uma prática mais cara”, afirma Anna Fercher, head de Customer Success e Insights da Neogrid.
Outro ponto destacado pela especialista é a demanda externa aquecida, uma preferência por exportações com a alta do dólar. “O aquecimento das exportações reduz a quantidade de carne disponível no mercado interno, pressionando os preços para cima”, completa.
Outras proteínas e itens básicos também sobem
Além da carne bovina, outros produtos de origem animal também pesaram mais no orçamento em outubro. O ovo, item básico na alimentação, teve aumento de 7,7%, passando de R$ 0,77 em setembro para R$ 0,83 por unidade. Já o preço da carne suína subiu 5,3%, atingindo R$ 17,49 o quilo.
Produtos como óleo de cozinha e carne de frango também registraram alta de 4,7% e 3,3%, respectivamente. Enquanto isso, outros itens essenciais mostraram redução nos preços, como legumes (-6,6%), farinha de mandioca (-3,7%), creme dental (-2,3%) e leite em pó (-1,6%).
No Nordeste, a carne bovina e o óleo apresentaram os maiores aumentos no período, ambos com 5,7%. Os ovos, no entanto, lideraram a alta com impressionantes 24,3%. Já entre as quedas mais expressivas, destacaram-se os legumes (-6,3%) e a farinha de mandioca (-1,7%).
Principais elevações no acumulado do ano
No panorama nacional, o café foi o produto com maior aumento acumulado em 2024, subindo 36,3% desde dezembro de 2023, seguido pelo leite UHT (25,0%) e ovos (19,7%). Refrigerantes e queijos também registraram elevações de 17,5% e 17,0%, respectivamente.
O cenário reflete tanto fatores internos, como a restrição na oferta de produtos, quanto externos, com o crescimento das exportações e eventos climáticos adversos. Esses elementos, somados à inflação, têm pressionado o custo de vida do brasileiro, especialmente em regiões como o Nordeste, onde o aumento de preços de itens essenciais tem um impacto direto na economia local.
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