O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) anunciou a liberação de R$ 500 milhões para a construção de 50 mil novas cisternas no semiárido brasileiro. O edital de chamamento público para organizações da sociedade civil, lançado em Aracaju na sexta-feira (29/11/2024), visa ampliar o acesso à água para consumo e produção de alimentos, além de recuperar cisternas existentes.
O investimento abrangerá a construção de 46 mil cisternas com capacidade de até 16 mil litros, 4 mil cisternas para produção de alimentos utilizando tecnologia de segunda água, e a restauração de 2,5 mil cisternas já existentes na região.
O ministro Wellington Dias, em Aracaju durante o lançamento, enfatizou a importância das parcerias com estados, municípios e organizações da sociedade civil: “Essa integração com estados, municípios e com as entidades da sociedade civil tem trazido bons resultados na linha do Água Para Todos e do Programa de Cisternas”.
Organizações com experiência na construção e recuperação de cisternas podem se inscrever até 5 de janeiro, submetendo suas propostas e documentações. O edital completo pode ser consultado aqui. Os projetos devem ser direcionados aos estados de Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Ceará. Para Maranhão, Rio Grande do Norte e Sergipe, os projetos deverão incluir serviços de acompanhamento familiar para inclusão social e produtiva.
A seleção das organizações será concluída em 3 de fevereiro, e os projetos terão um prazo de 3 anos para serem executados.
O Programa Cisternas, criado em 2003, já beneficiou milhares de famílias nas regiões semiáridas e na Amazônia, oferecendo uma tecnologia simples e eficaz de coleta e armazenamento de água da chuva.
Dona Josefa Santos de Jesus, guardiã de sementes crioulas da comunidade Sítio Alto, em Sião Dias (SE), exemplifica o impacto do programa. Ela descreve a mudança em sua vida após a chegada das cisternas: “Depois da chegada das cisternas, a vida da gente mudou com mais qualidade. A gente passou a ter mais alegria, mais felicidade, teve mais renda, porque o tempo que a gente caminhava para pegar um pote de água, agora a gente faz outros serviços”.
A comunidade Sítio Alto, composta por 390 famílias remanescentes de quilombo, depende da agricultura para sua subsistência. A falta de água forçava muitos a migrar para outras regiões em busca de melhores oportunidades. Dona Josefa destaca os benefícios do acesso à água: “Incentivou o homem do campo no lugar onde ele vive, que quando eles recebem uma cisterna de calçadão para trabalhar o quintal produtivo, cria uma felicidade que gera emprego e renda”.
Além do aumento da renda, o acesso à água potável impactou positivamente a saúde das famílias: “As crianças que viviam doentes, porque tinham hepatite, diarreia, e nunca ficavam com saúde, era a questão da água, mas depois que a água chegou, as crianças melhoraram”, relatou Dona Josefa.
Para o ministro Wellington Dias, este investimento representa a continuação de um modelo de desenvolvimento sustentável, que garante “ao governo a condição de alcançar famílias em locais onde não há alternativa de água de subsolo, onde a água é ferrosa, é salinizada, ou não tem alternativa de uma adutora. E esse é um caminho simples, porque a própria comunidade faz a manutenção”.
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