O processo de aquisição e fusão de empresas cresceu 26% no primeiro bimestre de 2022 em relação a 2021. Foram 354 operações que movimentaram R$52,5 bilhões nesse período.
Ou seja, se antes já era comum o Mergers and Acquisitions (M&A, que em português significa F&A, fusões e aquisições), esse termo ganhou ainda mais destaque nos últimos anos devido à frequente consolidação de companhias.
Cada vez mais as organizações realizam o valuation e entram no mercado como alternativas possíveis de investimento e negociações. Mas, na prática, o que é fusão de empresas? Quais são suas principais operações? Quais são as vantagens e os desafios dessa transação?
Se você deseja entender melhor sobre esse assunto, continue a leitura e aprenda com exemplos reais.
O que é fusão de empresas?
De acordo com a Lei das Sociedades Anônimas, Lei Nº 6.404/76, no art. 228, a fusão de empresas é “a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar uma nova sociedade, a qual lhes sucederá em todos os direitos e obrigações”.
Isto é, a fusão contempla a união de dois ou mais negócios em prol da formação de um novo. Neste contexto, é válido destacar que todas as companhias envolvidas na transação perdem suas identidades e criam apenas um CNPJ, com novo quadro societário.
Também é importante salientar que esse processo demanda um novo contrato social, o qual deve discriminar os novos sócios e identificar o patrimônio, os bens, os direitos e as obrigações corporativas de cada um.
Já as empresas que possuem capital aberto, como as S.A (Sociedade Anônima), a fusão precisa ser debatida e acordada em assembleia com voto de todos os acionistas envolvidos. Além disso, há a criação de um novo estatuto e nova divisão de ações.
Alguns exemplos de fusão no Brasil são a da Sadia com a Perdigão que originou a Brasil Foods (BRF) e a do Itaú com o Unibanco que formou o Itaú Unibanco.
Geralmente, o processo de fusões e aquisições de empresas acontece devido a novas estratégias empresariais, necessidade de sinergia, aumento da eficiência, expansão de mercado ou de produtos, entrada em novos mercados, entre outros motivos.
5 tipos de fusão de empresas
Cada operação de fusão de empresas é muito específica e requer estudo e conhecimento para oficializar a negociação. Afinal, cada caso é um caso.
A categoria de fusão é escolhida de acordo com a finalidade da transação, a função econômica e a relação entre as empresas envolvidas.
Entenda agora os cinco principais tipos de fusão de empresas e suas características.
Fusão horizontal
Esse tipo é bastante comum de ver nos noticiários: consolidação de empresas do mesmo segmento de mercado. Ou seja, concorrentes que trabalham com os mesmos produtos ou serviços.
Normalmente a ideia aqui é ganhar escalabilidade, expandir a participação de mercado (market share) e reduzir custos operacionais, como processos de fabricação.
Exemplos de fusão horizontal:
- Sadia e Perdigão, que formaram a Brasil Foods (BRF);
- Exxon e Mobil, que criaram a ExxonMobil;
- Hewlett-Packard e Compaq Computer, que se tornaram HP.
Fusão vertical
A fusão vertical acontece na união de duas ou mais empresas que atuam no mesmo segmento de mercado, mas operam em níveis diferentes dentro da cadeia de suprimentos. Como uma companhia de automóveis e outra de peças automotivas. Ou seja, as empresas são complementares.
Esse tipo de transação oferece aumento na facilidade e na rapidez de distribuição de produtos, garantia de qualidade no fornecimento de peças, redução de valor de matéria-prima e mão de obra, proteção do investimento principal (produto final) e maior controle das operações industriais.
Em suma, podemos dizer que a fusão vertical tem como objetivo principal fomentar o crescimento do faturamento e do capital giro das empresas.
Um exemplo de fusão vertical é a joint venture entre Santander Brasil e a Hyundai, com criação do Banco Hyundai Capital Brasil e de uma corretora de seguros.
Conglomerado
O conglomerado, mais conhecido pela população em geral, é a fusão de empresas que possuem atividades-fim totalmente diferentes. Ou seja, daquelas que atuam em setores distintos do mercado.
Há os conglomerados:
- puros: fusão entre companhias que não têm relação comercial e oferecem produtos ou serviços completamente diferentes;
- mistos: quando as empresas desejam expandir suas ofertas com mais produtos ou serviços em seu portfólio.
Exemplos de conglomerados são:
- grupo LVMH: Louis Vuitton, Givenchy e Christian Dior (moda); Moët & Chandon, Veuve Clicquot e Hennessy (bebidas); Acqua di Parma e Guerlain (perfumaria); Sephora (varejo); e Tiffany & Co., Bulgari e TAG Heuer (jóias e relógios), entre outras marcas;
- Magazine Luiza, que é líder em venda de eletrodomésticos e eletrônicos, com a Netshoes, empresa de artigos esportivos.
Fusão de extensão de mercado
A fusão de extensão de mercado ocorre entre duas ou mais empresas que oferecem os mesmos produtos ou serviços, mas em mercados diferentes, como em países distintos.
Como o próprio nome já indica, essa fusão resulta em uma expansão do mercado (e do lucro!), aumentando o número de clientes.
Um ótimo exemplo desse tipo de fusão de empresas é a LAN Chile e TAM, que formaram a LATAM com presença em mercados dos países do norte e da Europa.
Fusão de extensão de produto
O último tipo de fusão de empresas acontece entre duas ou mais companhias que possuem produtos relacionados e atuam no mesmo mercado. A ideia é agrupar os produtos ou os serviços para ter acesso a mais clientes e, consequentemente, maior lucro.
Quais são os benefícios da fusão de empresas?
Como já mostramos durante este texto, há muitas vantagens em realizar uma fusão e comprar uma empresa.
Veja os principais benefícios que as organizações podem ganhar ao investir em um dos tipos de fusão citados acima:
- economia nos custos de produção, entre outros;
- novas oportunidades de negócio e entrada em novos mercados;
- ganho de market share;
- investimento de capital;
- união de conhecimento e experiência de mercado, gerando maior vantagem competitiva;
- expansão da marca;
- aumento do lucro;
- redução de riscos de mercado;
- diminuição da concorrência;
- maior diversidade de produtos ou serviços no portfólio;
- maior escalabilidade.
Desafios da fusão de empresas
Porém, há também muitos desafios antes, durante e depois da realização da fusão. Afinal, esse processo envolve duas ou mais empresas consolidadas, que já possuem toda uma estrutura operacional e sua fatia de mercado.
Por isso, antes de investir em fusão de empresas, é necessário contar com o suporte especializado de uma consultoria de fusão, aquisição e valuation de empresas para entender se a negociação realmente renderá bons frutos a médio e a longo prazo.
Por que? Entenda quais são os desafios mais comuns enfrentados por empresas que se fundem:
- perda de produtividade;
- redução da força da marca;
- perda do posicionamento de mercado;
- confusão entre diferentes culturas corporativas;
- demissões em massa;
- mudança de gestão e do quadro societário.
Percebeu que esse passo não pode ser dado por impulso ou achismo, certo? É preciso pesquisar, estudar e analisar profundamente as empresas e o mercado para entender qual caminho seguir.
Se você deseja investir em aquisição ou fusão de empresas, não deixe de pedir ajuda qualificada e que domine esse segmento. Experiência, bons contatos e conhecimento fazem a diferença durante qualquer tipo de consolidação de empresas.
Fonte: Capital Invest, consultoria com quase 20 anos de experiência em assessoramento financeiro em compra, venda e avaliação de empresas.
