O mercado de veículos leves eletrificados no Brasil continua em forte expansão. No primeiro semestre de 2024, foram emplacados 79.304 veículos eletrificados, marcando um crescimento de 146% em relação ao mesmo período de 2023, quando foram registrados 32.239 emplacamentos. Comparado ao primeiro semestre de 2022, que teve 20.427 unidades vendidas, o aumento foi de 288%.
Somente em junho de 2024, foram vendidos 14.396 veículos eletrificados, o que representa o terceiro melhor mês da série histórica. Esse número é 131% superior ao registrado em junho de 2023, quando 6.225 veículos foram emplacados, e 253% maior que o total de 4.073 veículos vendidos em junho de 2022.
A Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) projeta que 2024 fechará com um recorde de mais de 150 mil veículos eletrificados vendidos, significando um crescimento de 60% sobre os 93.927 emplacamentos de 2023. Com o resultado positivo do primeiro semestre, o Brasil está próximo de alcançar a marca de 300 mil veículos eletrificados em circulação desde 2012, totalizando 299.735 unidades até junho de 2024.
Os veículos eletrificados incluem diversas tecnologias:
- BEV (100% elétricos)
- PHEV (híbridos elétricos plug-in)
- HEV (híbridos não plug-in a gasolina ou flex)
- MHEV (micro-híbridos com baixo grau de eletrificação)
No primeiro semestre de 2024, os BEV representaram 39% das vendas, com 31.204 unidades, enquanto os PHEV corresponderam a 29,5%, com 23.296 unidades, totalizando 69% do mercado de eletrificados.
No entanto, o setor enfrenta desafios significativos. Em 1º de julho, novas alíquotas de Imposto de Importação para veículos eletrificados entraram em vigor, aumentando as taxas para os BEV de 10% para 18%, para os PHEV de 12% para 20%, e para os HEV de 15% para 25%. Essas alíquotas devem atingir 35% até julho de 2026, conforme cronograma do Ministério do Desenvolvimento (MDIC).
Além disso, há incertezas sobre novas regras de segurança para a prevenção de acidentes com carros elétricos, lançadas para consulta pública pelo Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo. A definição dessas regras, esperada para o segundo semestre de 2024, impacta o mercado de recarga elétrica em edifícios residenciais e comerciais, especialmente em São Paulo, que responde por 34% das vendas nacionais de eletrificados leves.
O presidente da ABVE, Ricardo Bastos, expressou preocupações sobre a antecipação da alíquota de 35% do Imposto de Importação de veículos elétricos, originalmente prevista para julho de 2026. “A antecipação configuraria uma lamentável quebra das regras estabelecidas há apenas seis meses pelo próprio governo“, afirmou Bastos.
Outro ponto de atenção é a possível inclusão dos veículos elétricos no Imposto Seletivo, o “imposto do pecado”. Para Bastos, essa medida é incoerente, dado que os veículos elétricos são tecnologicamente avançados e contribuem para a redução da poluição urbana e das emissões de gases de efeito estufa. “Eles são fatores decisivos para melhorar a qualidade de vida e diminuir as mortes associadas à poluição nas grandes cidades“, concluiu Bastos.