Você sabia que as baterias de lítio que alimentam a maioria dos carros eletrificados – sejam elétricos ou híbridos – podem ser 100% recicladas? Isso mesmo, essa tecnologia, que ajuda a proteger o meio ambiente, já é uma realidade no Brasil. Empresas como Re-Teck, Energy Source e Lorene já estão ativamente envolvidas nesse processo, garantindo que essas baterias tenham um destino sustentável.
Essas empresas, que você talvez já conheça por reciclarem baterias de celulares, notebooks e outros dispositivos, utilizam a mesma tecnologia empregada nos veículos eletrificados. Marcelo Cairolli, diretor de Infraestrutura da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) e vice-presidente de Negócios para América Latina da Re-Teck, explica ao Fipe Carros que “as baterias de lítio já fazem parte da sociedade brasileira há, pelo menos, 25 anos”. Desde 2016, a Re-Teck tem contribuído significativamente para o avanço da reciclagem dessas baterias aqui no Brasil.
E os números são impressionantes. Uma pesquisa realizada em 2023 pela Fundação Getúlio Vargas (FGV EAESP) revelou que o Brasil tem aproximadamente 249 milhões de smartphones e 115 milhões de tablets e notebooks em uso. Isso equivale a 42,2 mil toneladas de baterias em operação. O que isso significa para você? Que a reciclagem dessas baterias já é uma prática consolidada, e as empresas estão prontas para atender à demanda crescente no setor automotivo.
Porém, nem tudo são flores. Recentemente, a Câmara dos Deputados aprovou uma medida que pode impactar o mercado de carros elétricos no Brasil. Em 10 de julho, foi regulamentado o Imposto Seletivo, conhecido como “Imposto do Pecado”, que agora inclui os carros elétricos. Este imposto, que normalmente incide sobre produtos prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente, causou controvérsia.
Ricardo Bastos, presidente da ABVE, criticou a medida, afirmando ao Fipe Carros que “os veículos elétricos e híbridos reduzem ou cortam a zero as emissões de poluentes nocivos, diminuem a poluição sonora e contribuem com a redução dos gases do efeito estufa. Eles favorecem a saúde humana e o meio ambiente. Não faz qualquer sentido esse produto ser incluído no Imposto Seletivo”.
Reciclagem das baterias
Se você está se perguntando como funciona a reciclagem dessas baterias, saiba que é um processo bem parecido com o que ocorre com as baterias de celulares. Com o tempo, as células de lítio vão perdendo sua capacidade de carregamento. Mas, ao contrário do que muitos podem pensar, não é necessário substituir toda a bateria de uma só vez. É possível fazer um teste para identificar e trocar apenas as células danificadas, o que já é comum nas baterias de bicicletas elétricas aqui no Brasil.
Essas baterias, compostas por milhares de células, podem durar entre 10 e 15 anos. E mesmo quando atingem metade de sua capacidade original, elas ainda podem ter uma “segunda vida”, sendo reutilizadas em sistemas de armazenamento de energia solar ou eólica para casas e empresas.
Mas o que acontece quando essas baterias finalmente chegam ao fim de sua vida útil? É aí que as empresas de reciclagem entram em ação. Elas trituram as baterias, separando os materiais em três categorias: plásticos, retalhos de alumínio e cobre, e os metais nobres (lítio, cobalto e níquel). Esses metais são especialmente valiosos e são conhecidos como “Massa Negra” devido à sua aparência em pó metálico preto. Esse material é então refinado e reutilizado na fabricação de novas baterias.
E por que isso é importante para você? Porque o interesse pela Massa Negra está crescendo no mercado global, com grandes empresas e montadoras estabelecendo parcerias para explorar essas oportunidades.
Por fim, é importante destacar que as baterias de lítio são as preferidas pelas montadoras por vários motivos: elas são eficientes, funcionam bem em altas temperaturas e seus componentes podem ser reciclados. Entre os principais tipos de baterias de lítio usadas atualmente estão as NMC (Lítio Níquel-Manganês-Cobalto), LFP (Lítio Ferro-Fosfato), NCA (Lítio Níquel-Cobalto-Alumínio) e Li-S (Lítio Enxofre). Cada uma delas é escolhida de acordo com fatores como autonomia, desempenho e custo.