Como já havia ocorrido na primeira partida da semifinal da Conmebol Libertadores entre Internacional x Fluminense, o segundo duelo também foi decidido no último terço do segundo tempo. O resultado evidencia o ‘xadrez‘ jogado fora de campo entre os técnicos Eduardo Coudet x Fernando Diniz.
Mais do que apenas escolher quem levar a campo, uma disputa com esse nível de intensidade requer estratégia e controle de risco. No primeiro encontro entre os treinadores no Maracanã, Diniz perdeu uma de suas ‘peças‘ mais importantes muito cedo e por pouco escapou do ‘Xeque-Mate‘ de Coudet.
A partida de volta não foi tão diferente assim. Muito estudada inicialmente, ela acabou dando nova vantagem a Coudet, graças a um novo erro de outra das ‘peças‘ centrais do esquema de Diniz.
Quando Allan Patrick acertou a batida de escanteio na área, o goleiro Fábio falhou, o zagueiro Mercado, principal ‘torre’ da defesa Colorada, não. Com a vantagem no placar, restava a Coudet esperar pela hora certa de encaixar o ‘Xeque-Mate’.
As jogadas de Diniz que levaram o Fluminense a final
Encurralado pelo resultado adverso, Diniz fez “quatro movimentos” importantes e que deram início a virada no jogo. “Sacrificou Felipe Melo” (uma de suas torres defensivas), para ganhar Martinelli (um cavalo, que seria importante no meio-campo).
Com as saídas de Alexsander, Ganso e Guga, perdeu um ‘cavalo‘, uma ‘rainha‘ e outra torre. Contudo, ganhou John Kennedy, Lima e Yony González, ou “uma rainha e dois bispos”.
Ao deslocar Marcelo para o meio-campo, o treinador fez mais uma ‘rainha‘ (pela qualidade e natureza ‘livre’ de seus movimentos). Com a jogada armada, era a hora de “colocar o Rei em Xeque“.
Com o gol de empate, John Kennedy conseguiu o primeiro movimento rumo a vitória. Contudo foi quando a jogada envolveu a triangulação entre ‘duas rainhas e um bispo’ que o Xeque-Mate no adversário se consolidou. Cano marcou o segundo gol para o Tricolor, garantindo a virada, a vitória e a vaga final. “Um Xeque-Mate histórico no Beira-Rio!”
Coudet moveu as peças erradas no tabuleiro?
As mudanças na equipe de Coudet não surtiram o mesmo efeito esperado e acabaram por criar espaço para o Fluminense vencer. Contudo, a troca de peças não foi decisiva para a derrota, mas sim como elas se movimentaram no tabuleiro do jogo.
Muito mais impactante no resultado do que as mudanças, foram as três oportunidades perdidas por Enner Valencia. “A principal rainha” de Coudet teve pelo menos três oportunidades de colocar a equipe de Diniz em ‘Xeque’, mas errou as três.
Se no campo “a bola pune“, no xadrez as jogadas desperdiçadas também tem seu custo. E geralmente, assim como aconteceu nesta noite, esse custo é a derrota.