O mercado financeiro prevê um novo aumento na taxa Selic durante a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de 2024. A taxa, atualmente em 11,25% ao ano, deve sofrer um reajuste, com a maioria das projeções indicando um aumento de 0,75 ponto percentual, elevando-a para 12%. No entanto, alguns especialistas apontam para um aumento ainda maior, de 1 ponto percentual.
Diversos fatores contribuem para essa expectativa. A economista-chefe da CM Capital, Carla Argenta, destaca a persistência de expectativas inflacionárias desancoradas. Segundo o Boletim Focus, a projeção do IPCA para 2025 é de 4,6% e para 2026, de 4,0%, ambos acima da meta de 3% definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Argenta ressalta que "Essas projeções expressam uma deterioração adicional das expectativas que embasaram a decisão de política monetária do último Copom, quando o BCB aumentou a magnitude do aperto monetário diante de um cenário que se mostrava menos nocivo do que o atual, com expectativas inflacionárias em 4,03% para 2025 e 3,6% para 2026".
A inflação acumulada em 2024 também preocupa. Com o IPCA de novembro registrando alta de 0,39%, a pressão inflacionária, impulsionada pela alta demanda agregada e pelo baixo nível de ociosidade da economia, reforça a necessidade de um aperto monetário mais intenso. A atividade econômica aquecida, com crescimento do PIB acumulado até setembro de 3,3% e projeção de 3,4% para o ano, indica uma economia operando acima de sua capacidade, conforme apontam tanto Argenta quanto Harrison Gonçalves, sócio da CMS Invest. Argenta complementa, afirmando que "De acordo com o BCB, o crescimento do consumo das famílias e o nível do emprego doméstico promovem uma demanda excessivamente elevada sobre a estrutura produtiva da economia brasileira", destacando a queda sistemática do desemprego, a redução do número de desalentados e o crescimento dos salários nominais como reforço deste cenário.
As incertezas em torno da política fiscal também influenciam as expectativas. Medidas fiscais recentes geraram desconfiança no mercado sobre a sustentabilidade das contas públicas, impactando negativamente os preços dos ativos e aumentando a pressão cambial. A depreciação do real, consequentemente, eleva o custo de produtos importados, agravando as preocupações inflacionárias, conforme explica Argenta. Desde a última reunião do Copom, em novembro, a cotação do dólar ultrapassou os R$ 6, intensificando essas incertezas.
O cenário externo adiciona mais complexidade. A incerteza sobre a política monetária norte-americana e as políticas econômicas do governo, intensificam a volatilidade nos mercados globais, afetando diretamente a economia brasileira. Enquanto alguns especialistas, como Argenta e Gonçalves, preveem uma alta de 0,75 ponto percentual na Selic, Gustavo Jesus, sócio da RGW Investimentos, acredita em um aumento de 1 ponto percentual. Jesus afirma que "A alta de juros implícita na curva de juros indica que o Copom deve subir os juros em 100 bps. Um aumento menor do que o precificado pelo mercado poderia trazer mais estresse e, eventualmente, gerar desconfiança no compromisso do novo presidente do BC, Galípolo, com o controle da inflação"
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