Dividendos globais disparam no 2T e Petrobras é destaque mundial
O segundo trimestre de 2024 trouxe resultados expressivos para os investidores de renda global, conforme apontado no mais recente Janus Henderson Global Dividend Index. Nesse período, os pagamentos de dividendos cresceram 5,8% em termos nominais, atingindo o patamar histórico de US$ 606,1 bilhões. Considerando os efeitos das taxas de câmbio, o crescimento subjacente foi ainda maior, registrando 8,2%, com destaque para o impacto do fraco iene japonês.
Nos mercados emergentes, o desempenho foi significativo, com um aumento de 18,4% nos dividendos, alcançando US$ 42,4 bilhões. Países como Brasil e Colômbia se destacaram nesse cenário, principalmente devido às empresas petrolíferas. O segundo trimestre é sazonalmente relevante para essas nações, e o crescimento acelerado foi notável, reforçando a importância dessas economias no mercado global de dividendos.
A Petrobras (PETR3 , PETR4), gigante brasileira do setor de petróleo, ganhou evidência internacional ao impulsionar o crescimento de dividendos no Brasil. As empresas de energia foram fundamentais para esse avanço, refletindo a força do setor em mercados emergentes e consolidando o país entre os líderes globais em distribuição de dividendos.
Além disso, o pagamento de dividendos pelas grandes empresas norte-americanas, como Meta e Alphabet, impulsionou o crescimento global em 1,1 ponto percentual. O relatório destaca que 92% das empresas ao redor do mundo aumentaram ou mantiveram seus dividendos estáveis, sendo que um terço dos setores registrou crescimento de dois dígitos. Apenas três setores apresentaram queda nos dividendos.
Na Europa, o segundo trimestre é considerado o mais forte sazonalmente. A região atingiu um recorde de US$ 204,6 bilhões em pagamentos, com aumento de 7,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. Países como França, Itália, Suíça e Espanha registraram recordes históricos, com o setor bancário sendo responsável por mais da metade desse crescimento. Alemanha, por outro lado, viu uma queda de 1,2% nos pagamentos, influenciada por um corte significativo nos dividendos da Bayer.
Nos Estados Unidos, os dividendos cresceram 8,6%, com destaque para as primeiras distribuições de Meta e Alphabet, que contribuíram significativamente para essa alta. Além disso, o mercado japonês, apesar da desvalorização do iene, registrou crescimento de dois dígitos, impulsionado pela Toyota Motor, maior pagadora de dividendos do país. A Toyota fez um dos maiores aumentos de dividendos do trimestre, após um ano fiscal de lucros recordes.
Em outras partes da Ásia-Pacífico, os resultados variaram: Hong Kong manteve os dividendos estáveis, enquanto Austrália registrou uma queda significativa, com a Woodside Energy reduzindo seus pagamentos. Entretanto, Cingapura, Taiwan e Coreia do Sul tiveram crescimento robusto, com aumentos de dois dígitos nos dividendos.
De forma global, o setor bancário foi o maior impulsionador de crescimento, respondendo por um terço do aumento subjacente. As seguradoras, montadoras de veículos (particularmente no Japão) e empresas de telecomunicações também desempenharam um papel importante na expansão dos dividendos.
A perspectiva para 2024 é otimista, com a Janus Henderson revisando suas previsões de crescimento. A gestora de fundos agora espera que os dividendos globais alcancem um recorde de US$ 1,74 trilhão, representando um aumento de 6,4% em termos subjacentes em comparação com 2023, superando a previsão anterior de 5,0%. O crescimento total, ajustado pelas variações cambiais, deve ser de 4,7%, acima dos 3,9% estimados anteriormente.
Jane Shoemake, gerente de portfólio de clientes da Janus Henderson, revelou ao N10 Economia que “[Esperávamos] um segundo trimestre forte, mas os resultados superaram nossas previsões, impulsionados pela força da Europa, EUA, Canadá e Japão. Apesar do cenário global de taxas de juros mais altas, a inflação desacelerou e o crescimento econômico foi melhor do que o antecipado, permitindo que as empresas continuassem investindo para o futuro”.
Shoemake também destacou a importância do pagamento de dividendos pelas gigantes da tecnologia, como Meta, Alphabet e Alibaba, mencionando que isso “confundiu os céticos que acreditavam que essas empresas seguiram um caminho diferente“. Segundo ela, o mercado de ações evolui com o tempo, e essas corporações, ao atingirem a maturidade, seguem a tendência natural de retorno de caixa aos acionistas por meio de dividendos.