BCE, Fed e dados econômicos movimentam mercados globais, enquanto Brasil acompanha desoneração da folha e vendas do varejo
Os mercados globais seguem atentos às decisões de política monetária tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, que podem definir os rumos das economias centrais e emergentes. A expectativa está voltada para o anúncio de corte de juros pelo Banco Central Europeu (BCE) nesta quinta-feira (12), seguido por uma coletiva da presidente Christine Lagarde. Esse movimento deve reacender o ciclo de relaxamento monetário na zona do euro, após uma pausa em julho.
Nos Estados Unidos, serão divulgados o índice de preços ao produtor (PPI) e os pedidos semanais de auxílio-desemprego, que fornecerão mais indícios sobre a trajetória da política monetária do Federal Reserve (Fed). A elevada inflação ao consumidor (CPI) consolidou as expectativas de que o Fed iniciará um ciclo de corte de juros, com uma redução de 25 pontos-base sendo amplamente esperada na próxima semana. Como reflexo, os rendimentos dos Treasuries avançam, e o dólar se fortalece frente a moedas de países desenvolvidos.
Mercados internacionais em alta
Os índices futuros em Wall Street indicam abertura em alta, impulsionados pela perspectiva de corte de juros. Às 7h55, o futuro do Dow Jones subia 0,20%, o S&P 500 avançava 0,19% e o Nasdaq tinha alta de 0,18%. Na Europa, as bolsas também operam em terreno positivo, com o FTSE 100 de Londres subindo 0,80%, e o DAX da Alemanha ganhando 1,26%. A expectativa de flexibilização monetária pelo BCE e a recuperação das ações de tecnologia, após os ganhos expressivos da Nvidia na véspera, são alguns dos motores desse movimento.
Na Ásia, os mercados fecharam majoritariamente em alta, com destaque para o Nikkei 225 do Japão, que subiu 3,55%, impulsionado pelo avanço das ações de tecnologia. Já na China, o índice Xangai Composto encerrou com leve queda de 0,17%, enquanto o Hang Seng de Hong Kong avançou 0,77%. O petróleo também mantém sua trajetória de alta, com o Brent subindo 1,47%, a US$ 71,6, e o WTI avançando 1,60%, a US$ 68,3, refletindo preocupações com a demanda global, especialmente na China.
Cenário brasileiro: desoneração da folha e impacto das commodities no Ibovespa
No Brasil, o ambiente externo relativamente positivo deve ecoar nos ativos locais, com destaque para a alta de 3,97% nos preços do minério de ferro na China, o que tende a impulsionar as ações da Vale (VALE3) e de outras mineradoras. Além disso, o petróleo em alta de 1,70% também pode influenciar positivamente o Ibovespa, que vinha operando em queda no início do pregão desta quinta-feira.
A aprovação na Câmara dos Deputados, na noite de quarta-feira (11), do texto-base que estabelece um regime de transição para a desoneração da folha de pagamento é um dos principais temas em foco no mercado local. O governo, por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), solicitou uma prorrogação de três dias no prazo para a conclusão do acordo, o que gera alguma incerteza entre investidores. O impacto fiscal dessa medida e as formas de compensação financeira para a perda de arrecadação seguem em debate, o que pode trazer volatilidade ao mercado nas próximas sessões.
Os investidores também aguardam os dados das vendas do varejo de julho, que podem sinalizar o ritmo da recuperação econômica interna. A expectativa é de crescimento, o que pode pressionar a curva futura de juros, em meio às apostas de que o Banco Central promoverá uma elevação moderada na taxa Selic na próxima reunião.
No câmbio, o dólar vinha operando em alta de 0,30%, cotado a R$ 5,66, refletindo o fortalecimento da moeda americana no cenário global. A valorização do minério de ferro e do petróleo pode atuar como contraponto, sustentando o real em um patamar mais estável.
Destaques corporativos: Weg, B3 e Vale em evidência
Entre as empresas brasileiras, a Weg (WEGE3) anunciou a aquisição da Volt Electric Motors, fabricante turca de motores elétricos industriais e comerciais, por US$ 88 milhões. A compra expande a presença da Weg em mercados estratégicos da Europa, Oriente Médio e Ásia Central, além de melhorar a logística de distribuição da companhia.
A B3 (B3SA3) obteve uma vitória parcial no Carf, sendo exonerada de multas no valor de R$ 268 milhões, mas ainda terá que lidar com o questionamento de R$ 782 milhões relacionados ao saldo de prejuízos fiscais. A decisão ainda não é definitiva, e a empresa planeja recorrer.
Já a Vale (VALE3) confirmou que as negociações para o acordo de reparação pelo desastre de Mariana estão avançadas. O valor total pode chegar a R$ 167 bilhões, incluindo R$ 100 bilhões em novos recursos destinados a governos estaduais e federal. A expectativa é que o acordo seja finalizado até outubro de 2024.