Mercado em alerta: semana traz reforma tributária, dados de inflação e agenda corporativa movimentada
A semana entre os dias 9 e 12 de setembro promete ser agitada no mercado financeiro, com uma série de eventos políticos, econômicos e corporativos que podem impactar diretamente as expectativas dos investidores e o comportamento dos mercados. No Brasil, a Câmara dos Deputados e o Supremo Tribunal Federal (STF) discutem pautas sensíveis, enquanto dados de inflação e atividade econômica, tanto no país quanto no exterior, também devem influenciar as movimentações de setores estratégicos, como construção, varejo e exportação.
Reforma tributária e renegociação de dívidas estaduais
Na Câmara dos Deputados, um dos principais focos do governo é a votação de dois projetos centrais: a criação do comitê-gestor do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) — parte da segunda etapa da reforma tributária — e a proposta de renegociação das dívidas estaduais. Apesar de não haver uma pauta oficial divulgada até o momento, o governo está atento à importância dessas votações, que podem trazer novos rumos para a estrutura tributária do país.
Essas propostas têm o potencial de afetar diversos setores econômicos, especialmente aqueles mais dependentes de incentivos fiscais e renegociações estaduais, como a infraestrutura e o transporte. A expectativa é que a conclusão dessas discussões defina o rumo dos investimentos nesses setores, trazendo mais clareza ao ambiente econômico.
IPCA e o impacto na construção e varejo
Na terça-feira (10), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país. O mercado estará atento a qualquer desvio significativo dos números previstos pelos analistas, já que uma inflação acima do esperado pode influenciar o comportamento das ações de setores como construção civil e varejo, que historicamente são mais sensíveis às flutuações dos custos.
No mesmo dia, o IBGE também publicará a Pesquisa Mensal de Serviços, e na quinta-feira (12), a Pesquisa Mensal de Comércio. Esses dados fornecem um panorama mais detalhado sobre a saúde do setor de serviços, que representa uma parcela considerável da economia nacional, e a movimentação no comércio varejista, importante termômetro para o consumo interno.
Expectativa sobre dados internacionais: EUA e China
A atenção dos investidores globais estará dividida entre os dados de inflação dos Estados Unidos e os indicadores econômicos da China, duas das maiores economias do mundo. Na quarta-feira (11), será divulgado o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) dos EUA, seguido, na quinta-feira (12), pelo Índice de Preços ao Produtor (PPI). Com as apostas de cortes na taxa de juros aumentando, dados inflacionários podem trazer volatilidade ao mercado de ações e moedas.
Além disso, a divulgação de dados importantes da produção industrial, varejo e comércio exterior da China fornecerá mais pistas sobre a recuperação da economia chinesa, fundamental para as empresas brasileiras, especialmente para gigantes exportadoras de commodities, como a Vale (VALE3).
Desdobramentos políticos e implicações para o mercado
Ainda no Brasil, outros eventos políticos podem trazer volatilidade aos mercados. O prazo estipulado pelo STF para que o Executivo e o Legislativo apresentem uma nova proposta sobre a transparência no pagamento das emendas parlamentares ao Orçamento termina na segunda-feira (9). Além disso, novas audiências sobre o marco temporal para demarcação das terras indígenas e debates sobre a reforma do Judiciário podem influenciar o ambiente político e econômico, com reflexos sobre o mercado de ações e decisões de investimento.
Agenda corporativa: proventos e movimentações no setor empresarial
A semana também traz uma agenda cheia para investidores focados em dividendos e proventos. A Camil Alimentos (CAML3) paga na terça-feira (10) juros sobre o capital e dividendos, enquanto a Trisul (TRIS3) distribui a segunda parcela de seus dividendos obrigatórios e adicionais. Já o Banco do Brasil (BBAS3) define, na quarta-feira (11), a data com para os juros sobre o capital, com pagamento previsto para o fim de setembro.
Desafios para o Grupo Mateus e Azul
No campo corporativo, duas empresas se destacam com questões relevantes. O Grupo Mateus (GMAT3), multado em mais de R$ 1 bilhão pela Receita Federal, enfrenta um período de incerteza jurídica e financeira, o que pode impactar suas ações no curto prazo. Já a Azul (AZUL4), em resposta a reportagens que sugerem necessidade de capitalização no curto prazo, esclareceu que está avaliando diversas formas de captar recursos, mas sem decisões concretas até o momento.