Azul esclarece rumores sobre crise financeira e busca de novos investidores
A Azul S.A. (B3: AZUL4, NYSE: AZUL) emitiu um comunicado ao mercado nesta sexta-feira (6), em resposta ao Ofício nº 216/2024 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O ofício foi motivado pela publicação de uma notícia no Valor Econômico em 4 de setembro, que mencionava a necessidade urgente de capitalização da companhia aérea e o risco de entrar com pedido de proteção judicial nos Estados Unidos, sob o “Chapter 11”, caso não obtenha novos aportes financeiros ainda este ano.
De acordo com o Valor Econômico, a Azul estaria avaliando soluções para uma possível entrada de capital em 2025, considerando um aumento de capital privado e a atração de um investidor âncora, que poderia injetar até US$ 200 milhões. Além disso, o jornal sugeriu que a empresa estaria negociando com detentores de títulos de dívida (“bondholders”) e arrendadores, na tentativa de evitar maiores complicações financeiras.
Esclarecimentos da Azul
Em seu comunicado, a Azul reafirmou que está em processo de análise de diversas opções de captação de recursos, conforme já informado em seu Fato Relevante de 29 de agosto de 2024. A companhia destacou que explora novas alternativas de financiamento, incluindo o uso do Fundo Nacional de Aviação Civil (FNAC) e o oferecimento da Azul Cargo como garantia para a captação de até US$ 800 milhões. No entanto, a Azul reiterou que até o momento não há decisão concreta ou documentos vinculantes que demandem a divulgação de um fato relevante.
A empresa também frisou seu compromisso com a transparência e com a equidade no tratamento das informações, garantindo que qualquer fato relevante será prontamente comunicado ao mercado, conforme estipulado pela legislação e regulamentação vigente para companhias abertas.
Sobre o conteúdo da matéria veiculada, a Azul confirmou que as conversas mencionadas estão em andamento, mas reforçou que não há qualquer inclinação definida quanto a uma solução específica de capitalização. A empresa destacou que as negociações seguem com seus principais stakeholders e que decisões sobre captação de recursos, como aumento de capital ou aporte por investidor âncora, só serão tomadas após a devida análise e conclusão dessas discussões.
A Azul garantiu, ainda, que cumpre rigorosamente as regras de divulgação de informações estabelecidas pela CVM, evitando assimetria de informações e mantendo seus investidores informados de maneira justa e transparente.
Situação financeira
Nos últimos anos, a Azul enfrentou uma série de desafios financeiros agravados pela crise do setor aéreo durante a pandemia de COVID-19. Embora tenha demonstrado recuperação em alguns aspectos operacionais, como o aumento da demanda por voos domésticos, a companhia ainda lida com um elevado nível de endividamento. De acordo com dados financeiros recentes, a Azul busca ajustar sua estrutura de capital e renegociar parte de sua dívida com arrendadores e credores.
Em relação à capitalização mencionada pela matéria, a expectativa é que a Azul busque uma solução mais robusta em 2025, momento em que espera-se um cenário mais favorável de juros no Brasil, o que pode valorizar suas ações, atualmente depreciadas. A captação de recursos via um investidor âncora ou por meio de uma oferta subsequente (“follow-on”) também está sendo considerada, mas nenhuma dessas opções foi confirmada oficialmente pela companhia.
Além disso, o cenário de reestruturação de dívidas junto aos bondholders será crucial para definir o futuro financeiro da Azul. Caso não consiga um aporte financeiro substancial ainda em 2024, a companhia pode enfrentar dificuldades significativas, como o risco de um pedido de proteção judicial nos Estados Unidos, semelhante ao processo de recuperação judicial brasileiro.
Desde a publicação da notícia, as ações da Azul vêm sofrendo desvalorização na bolsa de valores, refletindo a apreensão dos investidores quanto à saúde financeira da empresa. A especulação sobre uma possível recuperação judicial gerou volatilidade nos papéis da companhia, acentuando a queda dos preços.
A Azul, por sua vez, mantém sua posição de que está trabalhando em soluções para reestruturar suas finanças sem recorrer a medidas drásticas, como o Chapter 11. O sucesso das negociações com credores e arrendadores, bem como a potencial entrada de capital no próximo ano, serão fatores determinantes para restaurar a confiança do mercado.