Ibovespa e dólar reagem a dados internacionais e expectativas de juros
O Ibovespa registrava leve alta de 0,26% às 15h53 desta quinta-feira (5), atingindo 136.461 pontos, impulsionado por avanços pontuais em ações de peso, como Vale e Petrobras. No mesmo período, o dólar à vista ampliava suas perdas, caindo 1,04%, sendo cotado a R$ 5,5811. A movimentação dos mercados reflete a combinação de fatores internos e internacionais, como dados de emprego dos EUA, decisões de juros e a performance das commodities.
Ibovespa oscila, mas fecha em alta
O principal índice da bolsa brasileira teve um dia volátil, marcado por avanços modestos. A valorização foi sustentada por empresas como Vale e Petrobras, que beneficiam-se de ganhos nas commodities, mesmo em um cenário de incertezas globais. Às 13h42, Vale (VALE3) subia 0,65%, negociada a R$ 57,35, enquanto Petrobras (PETR3) avançava 0,88%, com os papéis preferenciais (PETR4) acumulando alta de 0,31%.
As ações da Vale tiveram suporte após o minério de ferro, que enfrentou quedas recentes, registrar leves ganhos na Bolsa de Dalian, na China. Já a Petrobras se beneficiou das expectativas de que a Opep+ prolongue cortes na produção de petróleo, elevando o valor do barril de Brent em 0,22%.
Dólar recua após dados dos EUA
O dólar caiu acentuadamente após a divulgação de novos dados do mercado de trabalho nos Estados Unidos. O relatório ADP mostrou a criação de 99 mil empregos em agosto, abaixo do consenso de 140 mil vagas. Essa fraqueza no mercado de trabalho aumentou as apostas de que o Federal Reserve (Fed) possa reduzir os juros em 0,5 ponto percentual em sua próxima reunião, agendada para 18 de setembro. Com isso, o dólar caiu 1,04%, sendo negociado a R$ 5,5811 às 15h34.
Dados internacionais e impacto nas taxas de juros
Os mercados também foram influenciados por dados fracos na Europa. O índice Stoxx 600 caiu 0,54% em resposta a indicadores econômicos abaixo do esperado, reforçando preocupações com a desaceleração da economia do bloco. A venda de varejo na zona do euro subiu apenas 0,1% em julho, abaixo da expectativa de 0,3%, o que pressionou as bolsas europeias.
Nos EUA, o relatório ADP, somado ao resultado abaixo do esperado do relatório JOLTS, aumentou a cautela no mercado. Esse cenário ajudou a puxar para baixo as taxas de juros dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) no Brasil, com o DI para janeiro de 2025 caindo de 10,945% para 10,925%, enquanto o DI para janeiro de 2029 recuava de 11,94% para 11,90%.
Desafios fiscais no Brasil e déficit do governo
Enquanto os mercados absorvem os dados internacionais, o cenário fiscal brasileiro permanece em foco. O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, reafirmou que a meta do governo é entregar o melhor resultado fiscal da década até 2026, combinando estabilidade econômica e redução do déficit.
Apesar disso, o governo central registrou um déficit primário de R$ 9,283 bilhões em julho. O acumulado dos últimos 12 meses chega a R$ 233,3 bilhões, ou 2,04% do PIB. O resultado é reflexo de superávit no Tesouro (R$ 13,5 bilhões), mas compensado por déficits na Previdência Social (R$ 22,456 bilhões) e no Banco Central (R$ 327 milhões).
Perspectivas para o mercado
Com os olhos voltados para a divulgação do relatório oficial de empregos dos EUA (“payroll”) nesta sexta-feira (6), o mercado se prepara para novos movimentos. A expectativa de um corte nos juros americanos segue como principal força motriz para o comportamento das moedas e das taxas de juros globais. Ao mesmo tempo, os investidores seguem atentos à evolução das discussões fiscais no Brasil e aos desafios estruturais da economia europeia.