Um dos mais conhecidos mutantes da história da Marvel e sem dúvida o mais conhecido dos cinemas, Logan, o Wolverine, é um dos membros mais icónicos dos X-Men. Criado por Len Wein, John Romita e Herb Trimpe, o personagem teve sua primeira aparição em The Incredible Hulk nº 180 (1974), sendo mais explorado apenas na edição seguinte.
Nascido no Canadá, por volta na década de 1880, James Howlett, seu nome original, é um jovem que descobre ter poderes mutantes, que lhe permite ter garras de ossos saindo do topo de seu punho. Além de ser dotado de uma regeneração absurda (fator de cura), sendo considerada uma das melhores entre todos os personagens da editora.
James, que se tornaria Logan, fez parte do exército canadense, onde foi forçado a participar de uma experiência, que secretamente iria inserir em seu corpo um metal indestrutível, o adamatium. O Projeto Arma X, criou aquele que seria mais conhecido como Wolverine. O herói fez parte de várias equipes, entre elas: Tropa Alfa (Canadá), X-Men, Vingadores, X-Force, entre outros.
Nos cinemas, o personagem que fora interpretado por Hugh Jackman durante mais de 17 anos, desde X-Men, o Filme (2000) até Logan (2017), último filme do herói nos cinemas. Foi neste em que vimos o “Carcaju“, não só mostrar o seu lado mais maduro e feroz, como “morrer” para as telonas, com o ator deixando o papel definitivamente (pelo menos até aqui).
OBS: O texto a seguir se atém a fatos ficcionais e todo o seu conteúdo, faz parte de um copilado de ideias e interpretações de seus autores.
Com uma das histórias mais sofridas, entre todos que fazem parte do núcleo mutante da Marvel, Logan tem um passado cheio de lacunas e diversas perdas de memória. Não à toa, foi só em 2006 que conhecemos a saga Wolverine Origins, que contava a história de antes dos experimentos do Projeto Arma X.
De acordo com as histórias de origem nesta saga, o que seria o primeiro grande trauma do herói, fora quando ainda nem era conhecido como Logan. James ainda era uma criança fraca, magrinha e constantemente doente, quando presenciou a morte do seu “pai” por um “ex-capataz” da fazenda de sua família.
De tão forte, o trauma teria sido o gatilho que despertou o seu gene X. E em meio a um surto, o jovem garoto matou o agressor do seu “pai”. Posteriormente, podemos entender que, na verdade, ele era fruto de um adultério e que o capataz, que se chamara Logan, era na verdade o pai biológico do menino.
Em virtude disso, Logan, o nome que James adotou quando fugiu após a tragédia, passou a ter um comportamento cada vez mais introspectivo e até violento, à medida que crescia e lutava contra lobos e outras feras.
Wolverine não é um “herói padrão”, diferente de um Steve Rogers, o “Carcaju” não tem pudor algum em sujar as mãos por suas convicções e seu temperamento, que parece ser uma mistura de seus traumas com um instinto animalesco correlacionado a origem de seus poderes, só o deixam ainda mais feroz.
Em Arma X, saga que conta mais sobre os experimentos que sofreu no projeto, que objetivava criar um super soldado perfeito (iniciativa derivada das experiências do Soro do Super Soldado), Logan, passou uma das experiências mais traumáticas de suas HQs, quando ganhou seu clássico esqueleto de adamantium.
Mas quase morrer e ser tratado como cobaia, não eram a pior parte, como consequência dos eventos, partes de suas memórias se perderam para sempre, restando apenas fragmentos que mal poderiam ser compreendidas como genuínas ou implantadas. A confusão mental é tamanha que é o principal mote de sua entrada nos X-Men, com Professor Charles Xavier lhe prometendo tentar restaurar suas lembranças enquanto o herói atua pela super equipe (representação mais comum em grande parte das histórias que retratam Wolverine).
Outro traço marcante do seu cerne é seu tempo no Japão, onde foi separado Mariko Yashida, uma das principais paixões do herói. Foi na Terra do Sol Nascente onde o “Carcaju” absorveu elementos icônicos da cultura japonesa, chegando até mesmo a ser uma espécie de “Ronin” (guerreiro sem mestre).
Mas essa não foi a única desilusão amorosa do mutante, aliás esse é um traço, curiosamente, repetitivo de suas histórias, desde a infância, juventude, e ainda na vida adulta. Ele sempre esteve envolvido em algum triângulo amoroso, sendo o mais conhecido com Jean Grey e Scott Summers. O que reflete em parte sua origem, já que o garoto também seria fruto de uma relação semelhante, e suas histórias o mostram fadado a repetir essa mesma sina.
Logan, pode ser compreendido por diversos ângulos. Porém, aqui vamos nos deter há dois detalhes. O trauma inicial do nosso herói, também já foi traçado, parcialmente, em um grande clássico da literatura Mundial: Édipo Rei de Sófocles.
O personagem principal dessa obra, Édipo, estava amaldiçoado, independente do que fizesse em sua vida, no fim, ele assassinaria seu pai e casaria com sua mãe. Apesar da obra ficar famosa pelo Complexo de Édipo, o termo não é o único originário desta: Parricídio, é o termo dado a morte do pai pelas mãos do filho.
No caso do nosso herói mutante, o elemento traumático o acompanhará como forma de identificação, mesmo que este não tivera intenção ou mesmo noção disto plenamente esclarecida. Ora, seu “pai” era um capataz. Logo o caráter punitivo, algoz, é frisado no personagem. Seja com “rivais” ou inimigos, piedade não é uma opção.
Assim ter um corpo de adamantium, ou mesmo um fator de cura absurdo, não o livra de todas as mazelas psicológicas que um ser humano pode experimentar. Mas não é a terapia que o X-Men recorre, os vícios estão presentes em Logan, o que pode ser visto em vários momentos em que aparece fumando, ou bebendo (em busca de livrar-se de seus problemas emocionais).
Embora geralmente isso o mostre com um comportamento autodestrutivo, seu fator de cura elimina rapidamente os malefícios de ambos. Nem mesmo as tentativas de suicídio, ou momentos nos quais se entregar a morte, foram capazes de eximir o herói se sua sensação de culpa, visto que nas vezes que tentou a sua regeneração elevada o trouxe de volta (falhando miseravelmente as tentativas de pôr um fim a sua dor).
Por fim, é difícil concluir se: sua amnésia, resultante do seu tempo de Arma X, é uma dádiva ou uma maldição, pois, assim como pode ocorrer a qualquer um de nós, esquecer algumas coisas podem nos ajudar a viver mais leves (claro, o que não se aplica de forma literal, se você tem um esqueleto de adamantium). Com tantos traumas, vícios, mortes e retornos, vimos um Logan que claramente precisa e muito tratar a sua evidente: “Ipkissia Máskarose“!
Gostou do texto? “Ipkissia Máskarose“, estará de volta na próxima semana com um novo personagem. Você pode nos ajudar a escolher ele comentando abaixo o que achou e qual personagem quer ver na próxima matéria.
Por: Augusto “Clark” Miranda, Hiago Luis e Luiz Carlos “Capitão”