Além de adicionar a série Alma ao seu catálogo, a Netflix tem outra novidade ligada ao mistério que fará os amantes de tramas que envolvem identidades confusas (neste caso irmãs gêmeas), ficarem grudados na telinha.
Echoes, é uma minissérie de sete episódios criada por Vanessa Gazy, com Brian Yorkey (13 Reasons Why) e Quinton Peoples (Fugitivos) atuando como produtores e showrunners.
A série nos apresenta Leni e Gina (interpretadas por Michelle Monaghan), duas gêmeas idênticas que escondem muitos segredos e alguns traumas que carregam desde a infância e adolescência.
Um belo dia, uma delas (Leni) desaparece forçando a outra (Gina) a se mudar de Los Angeles para o rancho Mount Echo onde marido e filha estão desesperadamente procurando por ela. Tudo indica que eles foram vítimas de um assalto, já que vários cavalos estão desaparecidos do estábulo.
Uma vez que Gina começa a investigar, descobre que sua irmã pode estar tendo um caso com um jovem (Dylan) que elas perderam o contato após um incêndio gigantesco que ele foi acusado de causar, mas o que mais a preocupa é que, pela primeira vez, a comunicação entre elas foi completamente interrompida.
À medida que a trama avança, descobrimos que Leni e Gina fizeram um pacto para trocar suas identidades uma vez por ano, para que se considerassem a mesma pessoa dividida em dois corpos e compartilhassem absolutamente tudo, inclusive a maternidade e o relacionamento (maridos).
Sustentar essa monumental farça envolve fingir, manipular e mentir constantemente, então quando alguém desaparece do quebra-cabeça, o mundo delas vira de cabeça para baixo. Apenas provisoriamente e para manter as aparências diante da família, Gina decide manter as duas identidades simultaneamente… até que o passado explode em seu rosto e ela não tem escolha a não ser enfrentar suas decisões passadas.
Echoes é uma série que tem muitos problemas. O maior deles é a repetição. Com a intenção de criar um plot twist final, a série é desnecessariamente alongada com dois episódios que nada mais fazem do que dar a volta na mesma coisa.
A mistura de histórias que ela quer narrar também é impressionante: à medida que acessamos as memórias de uma mente traumatizada, voltamos repetidas vezes a eventos aos quais temos acesso restrito e só no final a trama é descoberto. Mas é claro que tivemos tempo de imaginar para onde os fatos iriam muito antes.
E, o pior de tudo, deixa muitas pontas soltas que não somam. Ela literalmente esquece alguns personagens secundários, como o interpretado por Matt Bomer (o marido de Leni, Jack), que nunca recebe muita atenção, aliás. Se tivesse terminado no quinto episódio seria mais redondo.
Michelle Monaghan é a escolha certa para sustentar a série? A resposta é não. Ele se esforça, não há dúvida, mas são as mudanças no penteado que nos dão a chave de quem é quem. Ela nunca consegue gerar em nós uma preocupação real ao nos perguntar quem ela está interpretando e assim a ficção desperdiça uma bala importante.
Em resumo, Echoes teria trama suficiente para um filme de Sessão da Tarde, mas de forma alguma justifica sete episódios entre 40 e 55 minutos. Um demasiado desenvolvimento para uma história previsível em que o fantástico não tem lugar e na qual, para ser honesto, não há muitas conotações de realismo.
Não vamos dizer que é impossível confundir duas gêmeas, mas sustentar uma mentira dessa magnitude a longo prazo parece muito improvável e, sobretudo, muito insatisfatória para as partes envolvidas, por mais amor fraterno que duas irmãs professem. A dualidade teria acontecido com um roteiro um pouco mais ambicioso e menos redundante.
Nota e trailer
AVALIAÇÃO: Trama poderia ser mais interessante: Echoes cai em excesso de explicação nos episódios finais e demora demais para não terminar de contar a história.
O MELHOR: O início, quando ainda há muitas possibilidades em aberto e você não tem certeza de quem é quem ou o que está passando pela cabeça da gêma presente.
O PIOR: Desmorona completamente nos dois últimos episódios, cujas revelações já poderiam ter sido antecipadas.
NOTA: 6