Dinastia Literária: 4 livros de Neil Gaiman que valem a pena serem lidos

Neil Richard MacKinnon Gaiman, ou simplesmente Neil Gaiman, é um dos maiores autores modernos de fantasia. Seus romances, contos, HQs, nos brindam com uma narrativa simples, mas arreigada de simbolismos, construções bem trabalhadas de elementos, cenários e principalmente. personagens. Por tudo isso, e mais uma série de elogios que nos tomariam tempo e inúmeras linhas deste texto, o Dinastia Literária resolveu trazer para você, amante literário, a indicação de 4 livros indispensáveis desse célebre autor. Portanto, prepare sua mochila com guloseimas, uma toalha, e tudo que um bom aventureiro precisa, e embarque nesses incríveis mundos.

MITOLOGIA NÓRDICA (2017)

Mitologia Nórdica (2017)

Esse é um livro muito especial para mim e é nele que Gaiman nos reintroduz as histórias de “antes do princípio e o que vem depois” dos deuses do Norte. De Odin a Thor, dos Gigantes aos Filhos de Loki, da grandiosa Yggdrasill ao tempestuoso Ragnarök.

As batalhas épicas estão presentes em uma narrativa simples, mas rica em beleza, destruição, ciúmes, invejas, irmandade, sociedade e bravura. Neste livro descobrimos que há essa dualidade nos deuses que os colocam fora do que é bom e ruim, preto e branco, eles são criaturas que habitam a zona cinza assim como os seres humanos que os veneram. Não estão livres de intrigas familiares, desejos e amores, o que faz a frase “somos imagem e semelhança deles” parecer ainda mais real.

Além disso, para ressaltar a riqueza do conteúdo, temos várias histórias conhecidas e famosas como os famigerados Filhos de Loki, a forma como Odin perdeu seu olho, o incomum casamento de Freya, a luta de Thor na Terra dos Gigantes, o romance de Frey e Gerda, a trágica morte de Balder e o Destino Final dos deuses no Ragnarök.

Neil Gaiman empresta suas palavras e imaginação nos contos e histórias escandinavas para que as pessoas possam uma vez mais caminhar entre os Aesir e Vanir.

DEUSES AMERICANOS (2001)

Deuses Americanos (2001)

Neil aqui eleva o nível ao colocar um personagem simples e bastante humano no centro de uma guerra prestes a estourar em Deuses Americanos: os antigos deuses estão se agrupando sobre o comando de MR. Wednesday para o embate final contra o Mr. World e sua corporação dos novos deuses. Além disso, podemos ver o surgimento dessas novas divindades assim como a chegada das antigas ao país dito como a Terra das Novas Oportunidades junto com os imigrantes.

Na história, enquanto nós, humanidade, nos modernizamos a cada ano, deixamos para trás a adoração aos deuses que justificavam os acontecimentos naturais da vida, do amor e da morte.

Agora veneramos a facilidade da internet e das redes sociais, a mídia na tela do cinema e na televisão de casa, como um altar no qual nos reunimos sozinhos ou em grupo para cultuar. Uma atualização da famosa: onde estiverem dois ou três… e tudo isso nos leva para a guerra entre as duas facções onde os antigos tentam permanecer vivos e os novos querem o domínio total.

O livro também tem uma série (original da Prime Video) que o usa como base e tem o mesmo nome, Deuses Americanos, ela adiciona algo interessante a trama que é a modernidade atual. Como a história do livro foi escrita nos primórdios dos anos 2000 muita coisa mudou de lá para cá e a série faz essa atualização.

Entretanto, aparentemente devido a saída de vários atores ao longo das temporadas e divergências criativas que afetaram o roteiro e ritmo da série drasticamente, ela foi cancelada esse ano (2021) após a exibição da terceira temporada deixando o final em aberto que só pode ser descoberto no livro.

O OCEANO NO FIM DO CAMINHO (2013)

O Oceano no Fim do Caminho (2013)

Comecei a ler “O Oceano no Fim do Caminho” durante a faculdade (mas não me recordo o período). O que me recordo é que a faculdade estabelece um processo de transição na vida de qualquer um, assim como quando saímos da infância, ingressando na vida adulta, cheios de sonhos e fantasias mirabolantes sobre como será incrível crescer. Mas o fato é que nunca é tão incrível assim.

No livro, a partir das lembranças de infância do protagonista (mais precisamente aos 7 anos de idade) vivenciamos experiências que lhe marcam de tal maneira que ele, em vários momentos, chega a duvidar da própria sanidade e da real percepção de tudo que ocorre à sua volta. Dessa forma somos apresentados à personagens peculiares que o conduzem através desta viagem única.

Ao regressar ao local em que cresceu para o velório de um ente querido, já um adulto de meia idade, o protagonista (que não se apresenta) passa a lembrar de coisas a muito esquecidas sobre o momento mais estranho de sua vida. Em sua festa de aniversário de 7 anos ninguém aparece, e ele é presenteado com uma coleção de livros, que em suas próprias palavras, são mais confiáveis do que pessoas. Nos diversos universos contidos nas páginas dos escritos, ele fantasia sobre a vida e aventuras, e sobre tudo que poderia fazer, longe dali.

Mas eis que as coisas mudam quando um dos inquilinos do seu pai (que resolvera alugar quartos da casa), rouba o carro da família e se suicida dentro dele. Este ato de desespero atrai uma criatura diabólica para o lugar, que se converte em um verme que entra na pele do menino. Ao ser extraído e descartado, o verme assume a forma de uma mulher jovem e atraente, que se torna governanta da casa, e em toda sua maldade começa a exercer influencia sobre todos ali, menos sobre o menino, que conhece sua real natureza. Contudo, em uma fuga noturna, para afastar-se daquele terror, o garoto conhece Lettie Hempstock, e as senhoras Hempstock (mãe e avó da menina). Juntas elas protegem o garoto de diversos infortúnios que ocorrem a partir deste momento, e o protagonista passa por um fantasioso e doloroso processo de crescimento, e de aprendizado.

O Oceano No Fim do Caminho, no final das contas, é uma grandiosa fábula que não se destina apenas às crianças ou adolescentes. Neil Gaiman tem a incrível capacidade de conversar com todos em uma única história, de evocar nossos medos infantis, e nos ensinar que somos muito mais que meros corpos físicos habitando esse mundo. Nossas lembranças são nosso tesouro, e nada nem ninguém morre enquanto for lembrado.

O LIVRO DO CEMITÉRIO (2008)

O Livro do Cemitério (2008)

Neil Gaiman é um grande e extremamente habilidoso contador de histórias. E por mais que muitos de seus contos e romances sejam destinados ao público infanto-juvenil, essa habilidade natural de contar histórias prende e encanta a todos, independente da idade do leitor.

Em O livro do Cemitério, Neil nos conta a história de Ninguém Owens, um garoto que, quando bebê, teve sua família assassinada por um homem que invadiu sua casa, chamado apenas de Jack. Nin, como o menino é carinhosamente apelidado, ainda bebê consegue escapar do massacre sendo guiado por uma força sobrenatural até o cemitério próximo de sua casa. Lá ele é protegido por seus residentes: os fantasmas!

Após um curioso “conclave”, os fantasmas dali decidem por proteger o bebê até que ele cresça e seja capaz de sobreviver sozinho. Nin então é adotado pelo casal de fantasmas Owen, que lhes provém tudo para que ele possa crescer e aprender, desde sua alfabetização, à aulas de História e coisas sobre a vida. Todo o crescimento do menino é conduzido pelas criaturas que vivem naquele universo fantasmagórico, desde sua família espectral, a vampiros, bruxas e lobisomens. Essa atmosfera exótica dá vida (com o perdão da piada) a um microuniverso que nos conduz pelas aventuras de Nin, enquanto o garoto contempla toda a natureza humana através de uma ótica singular.

O Livro do Cemitério é uma daquelas leituras que nos prendem e nos fascinam. A simplicidade da história conduzida por caminhos nada ortodoxos, exerce sobre o leitor um fascínio impulsionado pelo apego afetivo que a habilidade narrativa de Gaiman encarna de forma única. Sua incrível capacidade de mexer com nossos pensamentos mais tenros, nossa emoção juvenil adormecida numa mente adulta, faz com que cada página seja como um afago ao nosso interior. Afinal, somos todos crianças em corpos adultos, lutando para sobreviver, se agarrando a tudo que nos dá conforto, e vivenciando a dor de crescer e envelhecer.

Às vezes podemos escolher o caminho que seguimos. Às vezes nossas escolhas são feitas por nós. E às vezes nós não temos escolha nenhuma…” Mas e aí, gostou? O “Dinastia Literária”, estará de volta na próxima semana com mais conteúdo sobre livros e esse multiverso fascinante. Nos siga também em nossas redes sociais para mais conteúdo sobre livros, séries, filmes e tudo que envolve o universo Nerd/Geek.

PorAntônio Gomes Augusto “Clark” Miranda

COMPARTILHE:

Redação do Dinastia N

Redação do Dinastia N

O Dinastia Nerd traz as novidades do mundo Geek/Nerd de forma dinâmica, precisa e com muita interatividade.