“Meu nome é Barry Allen, e eu sou o homem mais rápido do mundo. Um amigo recentemente me sugeriu um novo nome e algo me diz que esse nome vai pegar…” E foi assim que conhecemos uma das versões mais recentes e que amamos do Flash.
A série The Flash da emissora CW, trouxe em 2014, de volta às telinhas um dos maiores e mais amados heróis das HQs da DC Comics. E eu, você e outros fãs do velocista escarlate podemos ver mais sobre Barry Allen, em uma adaptação que realmente foi sucesso diante da crítica.
Mas a afinal, quem é Barry Allen?
Conhecido por muitos como o alter ego de Flash, Barry não foi o único a vestir o manto do herói, e isso boa parte dos fãs já sabem. Mas o que a maioria não sabe é que ele também não foi o primeiro.
Criado inicialmente pelo escritor Gardner Fox e o artista Harry Lampert, em 1940 na Flash Comics nº 1, o primeiro velocista escarlate que desafiava as leis da física era Jay Garrick, sim ele mesmo, com direito a pinico… digo, elmo do Deus Hermes na cabeça e tudo.
Pois é, é graças a essa versão que o nosso raio vermelho é considerado um membro fundador da Liga da Justiça. Sim, Jay Garrick, o primeiro Flash é um membro fundador da Sociedade da Justiça da América, um berço do que conheceremos posteriormente como Liga da Justiça, então a cadeira de fundador, é na verdade “herdada“.
Desculpa por acabar com seus sonhos! Vamos voltar ao jovem Bartholomew… Bartholomew Henry “Barry” Allen, ou simplesmente Barry Allen, passou a ser o herói escarlate em 1956, com sua história de origem contada na revista Showcase 16 (Gardner Fox, Carmine Infantino e Bob Kanigher, são creditados como criadores de Barry), já quando o velho elmo de Hermes estava aposentado, no início da Era de Prata.
O Barry seria o novo Velocista Escarlate em uma tentativa de recriar o sucesso da Era de Ouro com o Flash (Jay Garrick). Para se garantir que todas as referências ficariam tão claras, quanto possível fosse, a primeira versão do então “Novo Flash” era bem parecida com sua história de origem mais conhecida.
Jovem membro da polícia científica, Barry Allen é atingido por um raio, que junto a outras substâncias químicas confere a Allen seus poderes para acessar a Força de Aceleração. Fã das HQs do Flash da Era de Ouro, Barry se inspira no herói para se tornar o novo Flash (e você achando que a Marvel é que apelava nas referências).
A partir de então o nosso herói começou sua carreira de sucesso (quem entendeu, entendeu), não apenas como membro fundador da Liga, mas com várias histórias individuais, o que fez com que sua popularidade crescesse cada vez mais. Grandes arcos como “Crise Nas Infinitas Terras” (1986, originalmente), fazem parte da coletânea de grandes histórias contadas com base no Barry Allen e no Flash que conhecemos.
A Barry também são atribuídos os principais vilões do Flash, tais como Capitão Frio, Mestre dos Espelhos, O Flautista, Gorila Grodd, Professor Zoom/ Flash Reverso, entre outros vilões, velocistas ou não.
Também é atribuído a Barry o que é considerado um marco nas histórias da DC, o reboot dos Novos 52, quando todo o universo DC foi reestruturado, graças ao evento contado em Flashpoint (traduzido como “Ponto de Ignição”), quando o herói voltou no tempo para salvar sua mãe. O que acontece após seu retorno as HQs em 2009 (ele havia desaparecido durante a Crise nas Infinitas Terras nº 8).
No que é considerado atualmente canônico na DC, Barry é quem melhor conecta e representa o Flash, já que esta de alguma forma conectado a todos os outros personagens, que usam esse manto oficialmente: Wally West (sobrinho de sua amada Iris West, e também parceiro mirim do herói, além de seu sucessor usando o manto de Flash), Jay Garrick (amigo e Flash de outra terra) e Bart Allen (seu neto vindo do futuro).
Flash teve diversas adaptações para diferentes mídias, estando presente em séries, filmes e diversos jogos de videogame. Atualmente dois atores compartilham o personagem, sendo Grant Gustin, o Barry mais popular das séries da CW e Ezra Miller, quem encarna o herói nas versões da Liga da Justiça.
OBS: O texto a seguir se atém a fatos ficcionais e todo o seu conteúdo, faz parte de um copilado de ideias e interpretações de seus autores.
Sempre que pensamos em Barry ou mesmo no Flash o natural é que venha a mente a sua capacidade absurda de correr em velocidades inimagináveis. Contudo esse é apenas um dos diversos poderes do herói, que tem entre outros “Pensamento hiper-acelerado“, o que em alguns momentos já o tornou capaz de ser imune a telepatia, já que em dados níveis, qualquer um que tente o controlar, simplesmente não será capaz de acompanhar sua velocidade de pensamento.
Pensando de forma tão rápida assim, é de se esperar que o seu comportamento seja geralmente relacionado a alguém hiperativo. O que é até bem compreensível quando se vê o mundo passar para além dos milionésimos de segundos (melhor retratado nas animações).
O narcisismo também é um elemento recorrente em suas aparições, onde por vezes percebemos o herói subestimando os vilões (o que várias vezes resulta em grandes problemas). Além disso, sua necessidade de se pôr aprova como “homem mais rápido do mundo”, não é mostrada apenas contra seus antagonistas. Sua disputa com o Superman para provar que é mais rápido que o “Homem de Aço“, já foi retratada em diversas HQs, filmes e até séries animadas (na série da CW é mostrado um momento no qual ele recria isso em disputa com a Kara Danvers, a Supergirl de Melissa Benoist)
Barry é o Flash mais marcado por seus traumas, quando criança aos 11 anos, ele viu sua mãe ser morta pelo Professor Zoom/Flash Reverso. Na versão original, tratava-se de uma tentativa do vilão de voltar no tempo e criar um trauma no herói que o impedisse se recuperar psicologicamente, assim Allen não se tornaria o Velocista Escarlate.
O desespero causado pelo trauma da morte de sua mãe e prisão injusta do seu pai (tido como culpado), realmente foram carregados pelo herói, mas não foram capazes de impedir sua história como combatente do crime, embora o Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), tenha o acompanhado em sua jornada.
Aliás esse não é o único trauma carregado pelo herói, nas séries da CW, por algumas vezes é possível identificar claramente sinais do que conhecemos como Síndrome do Sobrevivente, quando em tragédias, aquele que sobrevive, em detrimento do ou dos demais, sente-se culpado por continuar existindo. O que ocorre quase sempre que alguém se sacrifica no lugar do Barry, como aconteceu com Ronnie Raymond (Robbie Amell), o primeiro Nuclear (ou metade dele, sendo a outra metade Martin Stein, interpretado por Victor Garber), por exemplo.
Ambos os traumas do herói têm um traço em comum e recorrente, sua dificuldade em processar um dos Estágios do Luto, a Aceitação. Esse quinto estágio é justamente onde, após passar pelos demais, desde Negação, Raiva, Barganha, Depressão, ele finalmente começa a entender e aceitar a perda da vida.
A dificuldade enfrentada por Barry talvez seja o traço que mais aproxima o Deus da Velocidade de todos nós, meros mortais. A tão humana dificuldade de Barry em perceber e aceitar isso, é mostrada pela primeira vez nas HQs e também na série da CW, durante o arco “Ponto de Ignição”, quando ele volta no tempo para salvar a sua mãe.
O fato cria um efeito dominó que muda vários outros elementos, o que permite ao herói perceber e de certa forma nos guiar, pela percepção das dores dos outros. Visto que cada pessoa afetada de alguma forma pelas consequências de seus atos acaba por perder alguma coisa ou alguém (as vezes até parte de si mesmos), para que o herói tenha tudo o que sempre desejou, sua figura materna de volta.
O que nos leva a perceber junto com ele, um outro estágio importante do luto, A Barganha. A ideia do não merecimento da morte, em mérito de determinadas virtudes. Essa percepção, pode levar a ideia de “merecimento” na morte, fim inevitável de tudo o que é vivo. Tal visão, normalmente acaba por aumentar o sentimento de perda. Na história, isso é trabalhado como processo necessário para alcançar a Aceitação.
Um segundo momento importante, visto mais na série do que nas HQs, é a ideia de aceitação também da própria morte. O que na série é visto, por exemplo, quando ele começa a entender sua morte eminente (durante a “Crise nas Infinitas Terras”) e mais uma vez vai passando pelos estágios, até alcançar a “Aceitação” (na vida real, uma sensação semelhante à de pacientes com diagnósticos irreversíveis e fatais).
Assim, é plenamente possível concluir de que o nosso Herói Escarlate é um caso que merece bastante atenção. Uma vez que este possui não apenas um ou dois, mas diversos indicadores de sua psique, que o direcionam e o creditam como caso grave, rápido e agudo de “Ipkissia Màskarose“.
Gostou do texto? “Ipkissia Máskarose“, estará de volta na próxima semana com um novo personagem (agora todas as sextas). Você pode nos ajudar a escolher ele comentando abaixo o que achou e qual personagem quer ver na próxima matéria.
Por: Augusto “Clark” Miranda, Hiago Luis e Luiz Carlos “Capitão”