Enfermagem, Odontologia e Medicina Veterinária estão entre as carreiras com perspectivas promissoras.
Na contramão da desaceleração econômica, o setor da saúde tem se destacado como um dos principais empregadores do país, conforme pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Em 2022, foi o responsável pela maior geração empregos de carteira assinada e, no primeiro trimestre de 2023, registrou crescimento no número de vagas.
O cenário observado no mercado de trabalho nacional se repete no exterior, o que tem contribuído para projeções promissoras e atraído o interesse de jovens talentos pelas carreiras da saúde.
De acordo com estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), serão necessários 9 milhões de profissionais com formação em Enfermagem para atingir a meta de cobertura universal de saúde até 2030. As áreas de atuação incluem enfermagem geral, geriátrica, obstétrica, intensivista, assessoria e consultoria, ensino e pesquisa, além de atendimento em urgência e emergência, unidades de saúde e domiciliar.
O mercado para quem tem formação em Odontologia também tem perspectiva de crescimento. Segundo a Global Newswire, só nos Estados Unidos, o setor deve conquistar uma receita de US$ 30,59 bilhões nos próximos quatro anos. A taxa anual de crescimento (CAGR) está prevista para 10,13% até 2027.
No nível global, a CAGR deverá ser de 6,4% até 2028. O levantamento enfatiza, ainda, que o avanço representa uma oportunidade para os profissionais da área que desejam ingressar no campo no curto prazo.
A profissão de médico veterinário também está inserida num mercado de trabalho em expansão. Levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que o setor pet cresce, em média, 13% ao ano no país. A área de atuação tem espaço para técnicos, consultores, desenvolvimento de produtos e especialistas em nutrição. Segundo o Conselho Federal de Medicina Veterinária, há, aproximadamente, 84 mil profissionais formados exercendo a profissão no Brasil.
Números do setor
Em março deste ano, foram registrados mais de 380 mil estabelecimentos de saúde no Brasil, segundo informações do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), do Ministério da Saúde. Os espaços representam oportunidades para profissionais que se formam na área.
Tradicionalmente, o setor da saúde absorve um grande número de profissionais. Ainda de acordo com os dados do CNES, havia mais de 2,8 milhões de trabalhadores atuantes no Sistema Único de Saúde (SUS), em 2022.
Na saúde suplementar, que integra os serviços de planos de saúde, estavam registrados 4,6 milhões de empregados, conforme dados de 2021. O número não inclui quem trabalha em outras instâncias da iniciativa privada e empreendedores que tenham consultório ou clínica próprios
O que explica o aumento da procura por profissionais de saúde?
O desenvolvimento de novas tecnologias, o envelhecimento da população, a alta no mercado de beleza e bem-estar e a possibilidade de trabalhar no SUS são alguns dos fatores que ajudam a explicar o aumento da demanda por profissionais da área de saúde.
Com o dinamismo próprio do setor, é possível observar o desenvolvimento de novas tecnologias para tratamentos, atendimentos e cirurgias, o que aumenta a demanda por mais profissionais capacitados.
A telemedicina ganhou popularidade em meio à pandemia da Covid-19 e a necessidade de distanciamento social. De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Telemedicina e Saúde Digital, foram feitas mais de 7,5 milhões de teleconsultas entre 2020 e 2021.
Outro exemplo é a chegada de inovações como Internet das Coisas (IoT) e das tecnologias vestíveis – como as pulseiras que registram e enviam informações do paciente para a equipe responsável pelo seu tratamento, como batimentos cardíacos, temperatura e pressão. As novidades abriram caminho no mercado de trabalho para profissionais especializados.
Com o aumento do número de idosos, o perfil populacional brasileiro tem passado por uma transformação, o que também contribui para a abertura de novas oportunidades profissionais.
Segundo informações do Censo do IBGE, 14,7% dos brasileiros têm 60 anos ou mais. O levantamento mostrou que, entre 2012 e 2021, a população de pessoas idosas residentes em território nacional aumentou 39,8%.
Paralelamente, cresceu também a busca das pessoas por maior qualidade de vida na terceira idade. Assim, há uma demanda maior por terapias, tratamentos e serviços de saúde para quem já passou dos 60, inclusive domiciliares.
Segmento de estética impulsiona demanda
De acordo a Associação Brasileira da Indústria Brasileira de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), o Brasil ocupa a terceira posição no ranking mundial da estética, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da China. Conforme os dados, entre 2018 e 2022, o setor cresceu 560% em relação aos períodos anteriores.
Como muitas carreiras de saúde podem ser guiadas para o segmento da estética, como odontologia, enfermagem, biomedicina, fisioterapia e farmácia, esse é um mercado com alta capacidade de absorção dos profissionais. Quem optar por se especializar na área e tiver permissão do conselho da categoria, pode atuar em clínicas de estética e realizar procedimentos como preenchimento facial, aplicação de toxina botulínica, carboxiterapia, peeling, entre outros.
Oportunidades no SUS
O setor público de saúde no Brasil também é um espaço com oportunidades de colocação no mercado de trabalho para as pessoas com um diploma na área, seja em pequenos, médios ou grandes centros.
Considerado um dos sistemas mais complexos e amplos do mundo, o SUS presta atendimento para a população de todas as cidades do país. Os serviços abrangem desde a prevenção, com a chamada atenção primária, até cirurgias complexas, como as de transplante de órgãos.