Até 2025, cerca de 2,3 bilhões de adultos ao redor do mundo vão estar acima do peso, e 700 milhões de pessoas estarão com obesidade. A estimativa é da Organização Mundial de Saúde (OMS).
O tratamento para a condição é objeto de discussão entre especialistas, que consideram importante uma combinação de fatores como exercícios físicos, mudança de hábitos e acompanhamento psicológico, além de dieta e administração de fitoterápicos, como consumir Morosil.
Só no Brasil, conforme divulgado pela OMS em agosto de 2022, a obesidade – considerada uma doença crônica –, aumentou 72% nos últimos 13 anos, saindo de 11,8% da população em 2006 para 20,3% em 2019.
No final de 2020, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os resultados da última Pesquisa Nacional de Saúde, conduzida antes do início da pandemia. Segundo o levantamento, entre 2003 e 2019, a porcentagem de brasileiros obesos acima de 20 anos mais que dobrou, saltando de 12,2% para 26,8%. Na mesma faixa etária, o excesso de peso foi de 43,3% para 61,7%.
A obesidade e o seu tratamento merecem atenção, pois, dentre outros problemas, essa condição é o estopim para uma série de desordens, como diabetes e doenças cardiovasculares.
Muito além de uma questão estética
Segundo pesquisa exclusiva da Toluna para a revista Veja Saúde, feita com 826 brasileiros, a maioria de 18 a 54 anos, 63% dos participantes engordaram durante a pandemia. Entre eles, 31% relataram que ganharam de 1 a 3 quilos, e 37% de 4 a 10 quilos adicionais.
Trata-se de ganhos de peso significativos, conforme avaliação do endocrinologista e pesquisador da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP), Carlos Eduardo Barra Couri, em entrevista à imprensa.
Para ele, quando se trata de obesidade e sobrepeso, reverter a situação ou impedir que ela se descontrole depende de uma atuação em diversos pilares. O perigo de os indicadores da balança apontarem para o alto vai além do maior risco de infarto e AVC e do desequilíbrio do açúcar no sangue.
Segundo o endocrinologista e principal investigador do Centro de Pesquisa em Obesidade e Comorbidades da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Bruno Geloneze, a lista de problemas que encontram terreno fértil para aparecer ou se intensificar é longa.
Em entrevista à imprensa, ele cita alguns exemplos que incluem glaucoma, quadros graves de enxaqueca, esteatose hepática (gordura no fígado), apneia do sono, distúrbios respiratórios, doenças articulares, artrite reumatoide, infertilidades masculina e feminina, queda de cabelo entre as mulheres, além de vários tipos de câncer.
Dietas não restritivas e atividades físicas são importantes
De acordo com a pesquisa da Toluna, manter a prática de exercícios físicos e alimentação equilibrada foram os comportamentos mais citados pelos participantes como “grandes desafios para cuidar do peso e da saúde”.
Em levantamentos realizados em laboratório na Faculdade de Medicina da USP, o fisiologista Bruno Gualano também percebeu que alterações nesses hábitos ajudam a explicar o agravamento do quadro de sobrepeso e obesidade
Por outro lado, ele ressalta que uma parcela das pessoas conseguiu incorporar comportamentos importantes para o bem-estar e para o processo de emagrecimento saudável, como abrir mão de dietas restritivas, comer à mesa com a família e priorizar deslocamentos ativos, de bicicleta ou a pé, por exemplo.
Tratamento deve ser multidisciplinar
Conforme a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), o acompanhamento psicológico é essencial para quem está em tratamento contra a obesidade.
Por meio do auxílio de um profissional, é possível investigar a história de cada paciente, compreender a sua relação com a comida e desenvolver um atendimento humanizado, focado na autoconfiança e na qualidade de vida das pessoas em tratamento.
Junto a isso, Bruno Gualano ressalta que comer bem e se exercitar são decisões que não se restringem a uma vontade individual. Ele indica o reconhecimento desse fator como ponto de partida para tratar a obesidade da maneira correta, ou seja, sem perpetuar preconceitos gordofóbicos e traumas.
Em primeiro lugar, Gualano lembra que o ganho de peso é influenciado fortemente também por características genéticas, ou seja, saciedade e percepções de fome podem ter a ver com o DNA, por exemplo.
Na linha de incentivar rotinas saudáveis, o pesquisador enfatiza que a responsabilidade não deve ficar toda no sujeito. São necessários, por exemplo, programas de políticas públicas que deem conta desse cenário de transformação.
Como as escolhas de hábitos alimentares e comportamentais dependem também do ambiente onde o indivíduo está inserido, campanhas de conscientização sobre os malefícios do consumo de itens ultraprocessados, por exemplo, são fundamentais.
Esses alimentos são repletos de gorduras saturadas, açúcar e sódio, que os tornam altamente palatáveis. Além disso, costumam ser mais baratos que um prato de comida orgânica. Para os especialistas, é preciso garantir subsídios para a comida caseira ser o elemento principal da mesa.
Além de modificar o padrão alimentar, é importante que as estratégias de tratamento sejam pensadas para cada pessoa, tendo como alvo uma mudança comportamental possível de ser mantida ao longo da vida.
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