Mulher é morta durante desocupação de terreno em Fortaleza

Na madrugada desta terça-feira (10), uma mulher foi morta a tiros durante a desocupação de um terreno de uma fábrica têxtil desativada, localizada na Rua Dom Hélio Campos, no Bairro Carlito Pamplona, em Fortaleza. Ana Mayane dos Reis Severino, de 28 anos, estava em um dos barracos montados no local quando foi atingida por disparos de homens encapuzados. Além de Ana, uma criança foi baleada durante o confronto, mas seu estado de saúde não foi divulgado.

A ação provocou revolta entre os moradores da área, que realizaram protestos bloqueando vias importantes da cidade, como as Avenidas Leste-Oeste e Francisco Sá. Barricadas em chamas foram montadas e ônibus foram apedrejados, resultando em ferimentos leves entre passageiros. A situação de tensão causou grande mobilização policial e investigações já estão em curso.

Morte durante a desocupação

Ana Mayane dos Reis Severino, moradora do acampamento montado no terreno desocupado, foi atingida por um tiro no peito enquanto dormia com sua filha pequena. De acordo com os familiares, homens armados e encapuzados invadiram o local por volta das 2h da manhã, alegando serem policiais e ordenando que os ocupantes deixassem a área. Quando houve resistência por parte dos moradores, os homens abriram fogo. Ana chegou a ser socorrida para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Cristo Redentor, mas não resistiu ao ferimento.

A vítima deixa um marido e uma filha de 4 anos. Segundo parentes, Ana era uma mulher trabalhadora e inocente, o que gerou grande comoção e pedidos por justiça entre os moradores da região. A morte está sendo investigada pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que já identificou três suspeitos de envolvimento no caso, sendo que dois já prestaram depoimento.

Protestos e confrontos na cidade

A morte provocou uma série de protestos violentos no Bairro Carlito Pamplona e em áreas adjacentes. Moradores revoltados bloquearam as Avenidas Leste-Oeste e Francisco Sá com barricadas em chamas, em sinal de repúdio à violência. Durante os protestos, dois ônibus foram atacados. O primeiro, da linha 092 Antônio Bezerra/Praia de Iracema/Papicu, foi apedrejado, causando danos ao veículo e ferimentos leves em alguns passageiros. O segundo ataque ocorreu na linha 114 Conjunto Nova Assunção/Francisco Sá, com a mesma modalidade de violência.

Os bloqueios causaram grandes transtornos no trânsito, e a polícia foi acionada para conter os manifestantes. O Corpo de Bombeiros foi chamado para apagar os focos de incêndio espalhados pelo Grande Pirambu, área onde os protestos ocorreram de forma mais intensa. As rotas dos ônibus foram temporariamente desviadas, mas as operações já foram normalizadas, segundo o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus).

Detenções e investigação

A Polícia Militar deteve cinco homens envolvidos na expulsão dos moradores. Eles foram capturados em um carro particular e encaminhados ao 34º Distrito Policial para prestar depoimento. Um vídeo gravado por moradores registrou o momento em que três dos suspeitos, encapuzados e vestidos de preto, foram detidos pelos agentes de segurança.

O governador do Ceará, Elmano de Freitas, se pronunciou publicamente, afirmando que determinou uma investigação rigorosa do caso. Ele destacou que o terreno onde ocorreu a desocupação é de propriedade privada e que os responsáveis pela violência devem ser punidos conforme a lei. As investigações continuam, e o governo promete celeridade para esclarecer os fatos.