Em Brasília e no Rio de Janeiro, centenas de manifestantes protestaram nesta terça-feira (10 de dezembro de 2024), Dia Internacional dos Direitos Humanos, contra a anistia a envolvidos na tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro e contra o retrocesso em conquistas democráticas.
Na capital federal, a Praça Zumbi concentrou a Jornada Nacional de Mobilizações, organizada pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, sob o lema “Sem Anistia”. O evento reuniu movimentos sociais, partidos de esquerda e diversas outras entidades, com destaque para a condenação da tentativa de golpe atribuída ao ex-presidente Jair Bolsonaro e outros 36 indiciados pela Polícia Federal. O relatório da PF sobre a investigação expôs a gravidade da ameaça à democracia brasileira.
Jacy Afonso, presidente do PT-DF, um dos organizadores, enfatizou a importância da união de diversas pautas em um só ato político: “Juntamos várias pautas para deixar nossa marca neste dia tão importante, neste ponto de encontro de tantos movimentos sociais; de trabalhadores, minorias e do movimento negro”. Ele reforçou a necessidade de punição aos envolvidos nos atos golpistas, alertando que a anistia seria a repetição de um erro histórico.
Tadeu Bernardes, da Unidade Popular (UP), utilizou a imagem do educador Paulo Freire estampada em sua camisa para defender a educação como ferramenta de conscientização. Ele expressou preocupação com a crise na educação e a influência de uma direita que a enxerga como negócio privado, em detrimento de sua função cidadã. Bernardes destacou a importância da participação no protesto para construção de um país mais democrático, lembrando que a tentativa de golpe de 8 de janeiro foi consequência da impunidade de atos golpistas passados.
Camila Tenório, professora e manifestante, manifestou preocupação com pautas em discussão no Legislativo, criticando aqueles que “usam da casa do povo para trabalhar contra o povo”. Ela citou a tentativa de manutenção da jornada de seis dias de trabalho e o trabalho precarizado como exemplos de retrocessos. A professora definiu o momento como uma “luta pela humanização e contra a barbárie”, atribuindo os ataques aos direitos fundamentais a uma “direita reacionária, em defesa de um capitalismo cada vez mais predatório”, e mencionou inclusive a sugestão de prisão de mulheres estupradas que se recusam a ter filhos de seus agressores como exemplo dessa barbárie.
No Rio de Janeiro, dezenas de pessoas se manifestaram no Largo da Carioca, reunindo entidades como CUT, FIST, MST, CTB, CST, Levante Popular da Juventude e Afronte, além de representantes de partidos como PCdoB, PSOL e UP. Rafael Carvalho, da direção executiva estadual do PSOL, destacou a gravidade do relatório da PF e a necessidade de defender a democracia como um princípio, não apenas como instrumento, afirmou que a preservação da democracia passa pela organização de atos nas ruas e diferentes lutas sociais. Protestos ocorreram também em Nova Friburgo e Campos dos Goytacazes.
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