O cérebro dos bebês ainda é um mistério para a ciência. No entanto, um novo estudo realizado pela Universidade de Ningbo, na China, descobriu como ele processa os sons.
Os bebês começam a processar a linguagem e a fala incrivelmente cedo. Apenas três horas após o nascimento. Mesmo no útero, eles aprendem a discernir vozes, juntamente com alguns sons da fala. Ao nascer, eles já preferem os sons da fala a outros tipos de sons não-linguísticos.
Mas exatamente como o cérebro do bebê aprende a processar sons de linguagem complexos ainda é um mistério. O estudo, publicado na renomada revista Nature Human Behavior, descobriu detalhes desse processo de aprendizado incrivelmente rápido.
O estudo
Para realizar o estudo de avaliação do processo cognitivo dos recém-nascidos, os pesquisadores mediram os níveis de oxigênio em seus pequenos cérebros, que obtém sua energia principalmente da fosforilação da glicose, um processo que consome muito oxigênio. Portanto, a possibilidade de monitorar a relação entre “oferta e consumo de oxigênio” pode revelar o estado de perfusão e metabolismo dos neurônios.
Nas horas após o nascimento, todos os bebês de um hospital na China foram expostos a sons que, em teoria, deveriam ser fáceis de distinguir. Falamos sobre as vogais a, e, i, o e u. Com a peculiaridade de que estes foram reproduzidos ao contrário em algumas ocasiões.
A fala invertida geralmente é muito diferente da fala normal, então apenas 70% dos adultos conseguem distinguir uma letra ao contrário. No entanto, a maioria dos bebês conseguiu diferenciar esses sons após cinco horas de audição.
“Durante as primeiras três horas, sua resposta às vogais normais tornou-se mais rápida do que às vogais invertidas. Mas depois de mais duas horas, durante as quais a maioria dos bebês dormiu, seus cérebros responderam a todas as vogais com mais força.”
Guillaume Thierry, professor da Universidade de Bangor, no Reino Unido
O que significa que, no primeiro dia de vida, leva apenas algumas horas para o cérebro de um bebê aprender a diferença entre a linguagem que usamos e os sons que são estranhos à nossa linguagem.
Teoria da corporeidade
As descobertas demonstram que os bebês não são programados para herdar os pensamentos e as habilidades de linguagem de seus pais. Uma nova ideia da neurociência moderna, conhecida como teoria da corporeidade, que sugere que cada pessoa desenvolve suas faculdades por meio de canais sensoriais que começam a operar desde o nascimento. Ou seja, visão, tato, olfato, paladar e audição.
Mesmo que nosso cérebro tenha uma predisposição para aprender com base em sua organização e função definida pelo código genético herdado de nossos pais, ele também é capaz de sentir o ambiente assim que nasce, e isso ajuda imediatamente nossas representações internas do mundo em volta de nós.
Com isso, os especialistas sugerem que você não apenas converse com seu bebê, mas também compartilhe com ele todos os tipos de experiências sensoriais do mundo assim que ele estiver em seus braços – seja expondo-o à música, deixando-o cheirar flores ou mostrando-lhe objetos. Ao encorajar experiências mais variadas, você dá ao cérebro do bebê novos caminhos para crescer e se desenvolver, e provavelmente mais habilidades criativas para o futuro.
