Rio Grande do Norte
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Estado propõe divisão de custos para ampliar atendimento ortopédico na Grande Natal

Gestão estadual tem defendido consórcio na área de ortopedia para desafogar Hospital Walfredo Gurgel, que está superlotado.

O Governo do Rio Grande do Norte reforçou, nesta sexta-feira (22), a proposta de criar um consórcio de saúde com municípios da Grande Natal para atender demandas ortopédicas de baixa e média complexidade. A iniciativa busca reduzir a superlotação no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, maior unidade de urgência e emergência do estado.

Em nota, a gestão estadual também destacou que tem assumido serviços que, pela Constituição, são responsabilidade das prefeituras e pediu contrapartida financeira.

De acordo com o governo, entre os serviços custeados atualmente estão:

  • Oxigenoterapia domiciliar, que atende cerca de 580 pacientes;
  • Homecare, com suporte para cuidados em domicílio;
  • Cirurgias eletivas nas áreas ortopédica, geral, ginecológica e urológica, com um custo mensal de R$ 1,6 milhão;
  • Suporte para órteses, próteses e materiais especiais (OPME).

Esses custos somam valores significativos que, segundo o governo, deveriam ser responsabilidade dos municípios.

Consórcio regional de saúde

A proposta central do governo envolve um pronto atendimento ortopédico regional, funcionando 24 horas por dia. O objetivo é atender casos de menor complexidade e aliviar a demanda no Walfredo Gurgel, onde cerca de 30% dos atendimentos diários de ortopedia são de baixa ou média gravidade.

A Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) estima um custo mensal de R$ 900 mil para a operação do serviço, com 40% pagos pelo governo estadual e os 60% restantes rateados entre seis municípios: Parnamirim, São Gonçalo do Amarante, Macaíba, Ceará-Mirim, São José de Mipibu e Extremoz.

Os valores previstos para as prefeituras são:

  • Parnamirim: R$ 199 mil;
  • São Gonçalo do Amarante: R$ 78,3 mil;
  • Macaíba: R$ 76,5 mil;
  • Ceará-Mirim: R$ 69,4 mil;
  • São José de Mipibu: R$ 69,2 mil;
  • Extremoz: R$ 45,9 mil.

A governadora Fátima Bezerra (PT) convocou uma reunião para o dia 26 de novembro, que contará com prefeitos, representantes do Ministério Público, da Federação dos Municípios do RN (Femurn) e parlamentares. O encontro visa discutir a implementação do consórcio e alinhar as responsabilidades financeiras.

Locais em análise

Para viabilizar o novo pronto atendimento, representantes da Sesap visitaram possíveis unidades que poderiam receber o serviço:

  1. Hospital Maternidade Belarmina Monte, em São Gonçalo do Amarante;
  2. Hospital Maternidade Café Filho, em Extremoz;
  3. Hospital Municipal Deputado Márcio Marinho, em Parnamirim.

Segundo a secretária de Saúde, Lyane Ramalho, o serviço deverá incluir médicos ortopedistas, equipe de enfermagem, raio-X, sala de gesso e estrutura para pequenas cirurgias.

A questão é oferecer dignidade de atendimento para os munícipes. Neste serviço, os pacientes poderão ser tratados de forma mais rápida, sem a necessidade de aguardar dias nos corredores do Walfredo Gurgel por uma cirurgia simples”, afirmou Lyane.

Municípios contestam proposta

A Femurn e o Conselho de Secretários Municipais de Saúde (Cosems) criticaram a proposta, afirmando que os municípios enfrentam limitações financeiras e já ultrapassaram o mínimo constitucional de investimento em saúde.

O Estado precisa liderar a solução com apoio do Governo Federal. Não é razoável sobrecarregar as prefeituras com responsabilidades que não são suas”, disse o presidente da Femurn, Luciano Santos (MDB), também prefeito de Lagoa Nova.

As entidades sugerem o fortalecimento dos hospitais regionais como alternativa. Dados apresentados apontam que, enquanto os municípios têm investido até 35% de suas receitas em saúde, o governo estadual historicamente mantém os aportes próximos do mínimo de 12%, chegando a 12,63% em 2023.

De acordo com informações do Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde (Siops), o estado aplicou apenas 9% de sua receita em saúde até novembro de 2024. Apesar disso, o governo federal repassou R$ 259,5 milhões para a rede estadual entre junho e outubro deste ano.

Mesmo assim, os municípios continuam complementando os hospitais estaduais com pessoal e insumos”, destaca a nota conjunta.

Governo defende cooperação

Em resposta, o governo estadual lamentou a postura das entidades e defendeu o princípio da cooperação interfederativa.

A Sesap é condutora das políticas públicas e deve garantir acolhimento para casos graves. No entanto, muitas vezes o estado tem assumido custos que são exclusivamente municipais, como oxigenoterapia, homecare e cirurgias eletivas”, informou o governo.

Outro ponto destacado foi a ampliação da rede hospitalar nos últimos anos, incluindo mais de 100 novos leitos de UTI e contratações de servidores. Além disso, o governo enfatizou que a licitação do Hospital Metropolitano, com 350 leitos, ocorrerá ainda este ano, com promessa de melhorar o atendimento na região.

O novo hospital será um marco para reduzir a sobrecarga no Walfredo Gurgel e oferecer um atendimento mais eficiente à população”, afirmou o comunicado.

Estado propoe divisao de custos para ampliar atendimento ortopedico na Grande Natal
Fátima Bezerra – Foto: Governo do RN

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Rafael Nicácio

Co-fundador e redator do Portal N10, sou responsável pela administração e produção de conteúdo do site, consolidando mais de uma década de experiência em comunicação digital. Minha trajetória inclui passagens por assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte (ASCOM) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde atuei como estagiário.Desde 2013, trabalho diretamente com gestão de sites, colaborando na construção de portais de notícias e entretenimento. Atualmente, além de minhas atividades no Portal N10, também gerencio a página Dinastia Nerd, voltada para o público geek e de cultura pop.MTB Jornalista 0002472/RNE-mail para contato: rafael@oportaln10.com.br

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