Cientistas acreditam ter encontrado uma maneira de ler nossas mentes. Eles criaram um programa de computador que pode decodificar a atividade do cérebro que cria a “voz na nossa cabeça” e traduzi-las em palavras, uma especie de leitura mental. A descoberta pode dar a esperança para quem tem a mente ‘bloqueada’ ou paralisada, onde poderiam um dia se comunicar usando o sistema. As informações são do Daily Mail.
“Se você está lendo o texto em um jornal ou um livro, irá ouvir uma voz em sua própria cabeça”, disse Brian Pasley ao New Scientist. “Estamos tentando decodificar a atividade cerebral relacionada com a voz para criar uma prótese médica que pode permitir que alguém que está paralisado ou bloqueado possa falar”, completou.
A equipe realizou suas primeiras experiências em 2011, e está visitando pacientes que sofrem de afasia, uma condição que deixa uma pessoa sem a capacidade de se comunicar. A afasia pode afetar sua capacidade de expressar e entender a linguagem, tanto verbal e escrita, e normalmente ocorre subitamente após um AVC ou um ferimento na cabeça.
Em seus primeiros experimentos, a equipe gravou a atividade cerebral de sete pessoas submetidas à cirurgia de epilepsia enquanto eles olhavam para uma tela que exibia, dentre outras coisas, o discurso de posse do presidente John F Kennedy.
A atividade cerebral dos pacientes foi monitorada enquanto liam o texto em voz alta e quando liam silenciosamente em suas cabeças. A partir dos dados faladas a equipe conseguiu construir um “decodificador” pessoal para cada paciente, que interpretou a informação e se transformou em uma representação visual.
Eles, então, aplicaram o decodificador à atividade cerebral durante a leitura silenciosa e descobriram que eles poderiam reconstruir várias palavras que estavam sendo pensadas apenas através de imagens neural. Os pesquisadores também testaram o algoritmo de decodificação com as músicas da banda Pink Floyd para ver se os neurônios respondem a diferentes notas musicais.
Apesar de, numa fase inicial, a equipe está esperançosa de que, eventualmente, a tecnologia possa ser usada para monitorar o que as pessoas estão pensando quando elas não podem mais falar.
Para o experimento, os voluntários concordaram em ter até 256 eletrodos colocados na superfície do cérebro, enquanto ouviam a homens e mulheres dizendo palavras individuais, incluindo substantivos, verbos e nomes. Um programa de computador analisou a atividade dos eletrodos. Na primeira tentativa o programa reproduziu as palavras que tinha ouvido, em alguns casos ele reproduziu algo muito semelhante a palavra.
Brian Pasley, co-autor do projeto, disse que “já há evidências de que a percepção e as imagens podem ser muito similares no cérebro”. Portanto, com mais trabalho, as gravações do cérebro poderia permitir aos cientistas “sintetizar o som real do que uma pessoa está pensando, ou apenas escrever as palavras com um tipo de dispositivo de interface”.